A chegada a casa da avó tinha de ser sempre igual. Dois toques seguidos na campainha anunciavam que eu estava a chegar. A seguir, a conversa repetia-se: “Quem é?”, dizia ela como se não visse os meus pequenos dedos a segurar o corrimão.
“É o Pai Natal”, respondia em qualquer altura do ano. Ela ria-se e fingia-se espantada como se eu fosse o seu melhor presente. E era mesmo.
Na mesa lá estava o ritual. Queijo amanteigado e rodelas de chouriço para começar e depois a comida de conforto que, só lá, cheirava e sabia assim. Podia ser arroz de cabidela, cozido à portuguesa ou bacalhau acabado de gratinar, tanto faz, porque eu só queria bis.
Ir à Dona Isilda, na Quinta do Anjo, concelho de Palmela, é como voltar à casa da avó de caracóis na cabeça e pequenos dedos a segurar o corrimão.
As mesas do buffet cheiram a histórias de infância, daquelas que satisfazem o estômago e aquecem o coração. Há queijos para provar até não poder mais, enchidos caseiros e um sem números de acepipes para começar.
Não se pode pôr para o lado a sopa de cação nem deixar o empadão de perdiz para a próxima vez. É preciso provar as favas e o arroz de marisco e deixar espaço para os pastéis de nata quentinhos, acabados de fazer.
O melhor de tudo é que pode comer à vontade e não vai pagar mais. O preço por pessoa é de 20€. As bebidas da casa estão incluídas, tal como as sobremesas e os cafés.