Waka foi adotado há 15 anos, quando tinha apenas dois meses. Desde então, tem sido “um companheiro de vida”, conta o tutor. Já velhote, e mesmo com alguns problemas de visão e audição, não deixa de acompanhar o dono para todo o lado, sobretudo à praia, onde passeiam regularmente. Esta segunda-feira, 19 de maio, um destes momentos rotineiros terminou numa dispendiosa e aflitiva visita ao veterinário, quando o patudo engoliu um anzol que ali tinha sido largado.
André Maciel, 34 anos, conta à PiT que o cão “veio do canil”, e que “pertencia a uma ninhada que ia ser abatida”. O tutor, que gere uma empresa de agricultura urbana, explica que o patudo “é super sociável e muito querido”, e que foi criado com a mesma consideração que dedica aos humanos. “Na minha perspectiva, não somos donos deles. Eles são como amigos”, avança.
Devido à idade avançada, e às limitações que esta trouxe, o cão “já não dá grandes passeios”, mas continua a ser “super sociável e muito querido”, e mantém o gosto pela praia de Setúbal, onde caminha habitualmente ao lado do tutor, e de Mar, a cadela da irmã de André.
Na baía perto da cidade “existe muito lixo”, e “muitos pescadores que fazem pesca desportiva, e que deixam os anzóis e as linhas à beira-mar“. André avança que o local “é frequentando por imensas pessoas e animais”, salientando os patudos abandonados, e a vida selvagem que tem contacto com os detritos. “Todos podem ser afetados, e desta vez quem foi afetado foi o Waka”, adianta.
Num momento rápido, o cão cheirou o isco que tinha sido deixado no equipamento de pesca. “Agarrou logo aquilo e só me apercebi quando já o tinha engolido e vi a linha fora da boca”, conta o empresário.
Explica ter tentado puxar a linha, mas, ao sentir resistência do objeto, lembrou-se de que poderia estar presa a um anzol. O tutor e a sua irmã levaram o patudo para o veterinário de Setúbal, onde foi feito um raio-x que confirmou as suspeitas. “Tinha um anzol gigantesco preso no esófago“. Waka mostrou-se bastante aflito durante o processo, chorando devido à dor e ao desconforto.
A equipa da clinica onde inicialmente foram atendidos afirmou não ter capacidade para lidar com a situação, caso o cão precisasse de uma cirurgia para que o objeto pudesse ser removido. Assim, optaram por levar Waka para um hospital veterinário de Lisboa.
O orçamento apresentado foi de 800 euros, que cobriram os custos da endoscopia para salvar o cão. “Felizmente tinha o dinheiro, nem quero imaginar se não tivesse”, afirma André. “Não é uma quantia que está ao alcance de toda a gente. Os seguros ajudam, mas ele já tem 15 anos, por isso não consigo fazer nenhum”, avança o tutor.
Apesar da ferida provocada pelo anzol, o patudo está a recuperar bem. “Já come e bebe água normalmente, mas ainda está atordoado da anestesia”, conta o tutor.
André apela a que “as pessoas tenham mais atenção ao lixo que deixam no chão”, e afirma que “as autarquias têm de promover essa sensibilização, e têm de limpar os locais”. “Isto não é algo incomum, há muitos animais que engolem os anzóis, que eu acredito que sejam aqui deixados por esquecimento ou por descuido”.
Carregue na galeria para saber mais sobre Waka e sobre o acidente do patudo.