na cidade

Quer ver golfinhos na Arrábida este verão? Agosto não é o melhor mês

O ICNF impõe restrições à observação de golfinhos e à permanência de embarcações turísticas e recreativas no Estuário do Sado.
A medida vigora de 1 a 31 de agosto.

Se já estava a pensar reservar uns dias para ir até às praias da Arrábida e aproveitar para partir à descoberta dos golfinhos, vai ter pensar em programas alternativos. Pelo terceiro ano consecutivo, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) vai impor restrições à observação de golfinhos no Estuário do Sado durante o mês de agosto, com o objetivo de proteger a população residente de roazes-corvineiros.

A medida, anunciada esta segunda-feira, 21 de julho, surge na sequência das recomendações do Estudo de Reavaliação da Capacidade de Carga de Observação de Cetáceos, realizado em 2022.

De 1 a 31 de agosto, vai ser interdita a observação de golfinhos e a permanência de embarcações marítimo-turísticas e recreativas na entrada do estuário, uma zona sensível onde o elevado tráfego náutico pode causar perturbações nos comportamentos naturais dos animais. A população de roazes-corvineiros residente no Estuário é única no País e uma das três conhecidas na Europa. No entanto, devido ao seu reduzido número e à baixa probabilidade de crescimento até 2030, várias organizações estão a pedir a sua proteção e conservação imediatas.

Além disso, a observação de cetáceos estará proibida entre as 13 horas e as 15 horas em todo o estuário e na zona marinha adjacente. O ICNF justifica a decisão com a necessidade de reduzir o impacto da atividade humana, especialmente durante o pico do verão, quando a presença de embarcações aumenta significativamente.

Atualmente, população residente de roazes do Sado é composta por apenas 25 golfinhos e a sua proteção depende da minimização de fatores de risco. Segundo o Expresso, há “cerca de 30 embarcações de diversas empresas licenciadas para observação de golfinhos no estuário do Sado, mas há outras a operar que não estão devidamente licenciadas”.

Sobre os golfinhos

Segundo o ICNF, os roazes-corvineiros, ou Tursiops truncatus, devem o nome “roaz” ao facto de gostarem de roer as redes que os pescadores deitavam ao mar. Já o termo “corvineiro” vem do gosto que esta espécie tinha pela corvina, quando existia em abundância na zona do estuário. Por norma, alimentam-se de peixes, cefalópodes (chocos, lulas e polvos) e outros invertebrados.
 
Todos os golfinhos desta população residente estão identificados individualmente pela barbatana dorsal e têm nome. Normalmente, o dorso é cinzento, a zona do ventre mais clara, têm um bico pronunciado e podem atingir cerca de quatro metros de comprimento e 800 quilos de peso. 
 
O ICNF, através da iniciativa “Proteger os Golfinhos”, promove “ações de sensibilização da população local, turistas e visitantes alertando para a singularidade da população que ali habita e para os cuidados a ter na navegação aquando do avistamento e aproximação aos golfinhos”.

MAIS HISTÓRIAS DE SETÚBAL

AGENDA