Assim que o despertador toca, acordamos e, automaticamente, levantamo-nos, tomamos o pequeno-almoço e seguimos para o trabalho. No entanto, para quem tem deficiências e incapacidades cognitivas e motoras, a vida é um desafio diário.
É precisamente a pensar nestas limitações, que surgem iniciativas de envolvimento com a comunidade, como o projeto Dignidade, Inclusão, Ação!, dinamizado pelos psicomotrocistas Vítor Branco e Venusa Guerra e pela técnica audiovisual Filipa Bento, ao serviço da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Setúbal (APPACDM).
O projeto, cofinanciado pelo Instituto Nacional de Reabilitação (INR), tem como objetivo realizar um vídeo de animação, recorrendo à técnica de stop motion. Para quem não sabe, e como explica a organização, “consiste na captação de várias imagens que, quando visualizadas em sequência, formam movimentos fluídos e, por consequência, narrativas visuais apelativas e cativantes”.
A ação conjunta, que começou em fevereiro e continua em desenvolvimento, conta com a participação de pessoas com deficiência motora e cognitiva, desde autismo, cegueira, Trissomia 21, distrofia muscular de Duchénne, entre outros. A temática incide “na violência sobre esta comunidade”. O projeto “promove o contacto direto com a área audiovisual, fomentando e incentivando o envolvimento dos participantes em todo o processo criativo e executivo”.
Numa primeira fase, juntaram-se os participantes, onde “foram desenvolvidos planos de adaptação, de forma a garantir a sua integração plena e equitativa no trabalho a desenvolver”. Depois, surgiram “as primeiras experiências com técnicas de animação stop motion, com recurso a vários materiais de artes plásticas, como plasticina, papelão, cartolina, entre outros, e a material audiovisual e softwares de edição”.
Seguiu-se a criação da história. “Conta, de forma resumida, a vida diária de uma família portuguesa composta por várias pessoas com deficiência e/ou incapacidade, mostrando os vários obstáculos que enfrentam no quotidiano a nível social, profissional, académico, de infraestruturas e outros contextos”. Atualmente, o projeto está em fase de “construção das personagens, respetivos mecanismos de animação e na digitalização e animação de materiais analógicos para edição e montagem posteriores”.
O esforço, dedicação e trabalho em comunidade vão resultar num “vídeo animado, com cerca de dois minutos e que pretende assumir a forma de campanha de sensibilização para a comunidade no geral sobre a violência aplicada sobre as pessoas com deficiência e/ou incapacidade”.
A APPACDM de Setúbal é uma “organização aberta, integrada na sociedade e integradora de todas as suas contradições, preocupações e anseios”, pode ler-se no site oficial da instituição. Fundada a 2 de maio de 1983, intervém com mais de mil cidadãos e famílias, “através de ações e dinâmicas regulares desenvolvidas nos mais diversos contextos”.