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O mítico Palácio Feu Guião transformou-se num complexo residencial

O edifício do século XVIII chegou a receber São Francisco Xavier. Agora, junta 19 apartamentos modernos.
Uma transformação radical.

A origem do Palácio Feu Guião, na Praça Machado Santos, no coração do bairro de Troino, é atribuída ao desembargador José da Rosa Guião e Abreu, que terá mandado construir, por volta de 1768, um palácio idêntico em Lisboa. Após a desocupação da família Feu Guião nos finais do século XIX por questões financeiras, esta casa nobre pombalina chegou a ser utilizada como escola primária — daí também ser conhecida entre os setubalenses como “Prédio da Escola”.

Antes de partir para o Oriente, São Francisco Xavier terá ficado hospedado neste local, mas ainda antes da construção do palacete, no século XVI, quando existiam por ali os Paços de D. Pedro de Mascarenhas. Apesar de ser uma das joias do património setubalense, o Palácio Feu Guião esteve ao abandono durante décadas, ficando completamente em ruínas. Porém, o cenário mudou e o edifício foi recuperado, dando agora lugar a um prédio residencial com 19 apartamentos.

Em 2016, o empresário Constantino Modesto comprou o imóvel à empresa SNP Sociedade de Construções Unipessoal Lda, com sede em Setúbal. O processo de reabilitação do imóvel de interesse municipal deu-se pelas mãos do Grupo SKEP, empresa que se dedica exclusivamente ao mercado de arrendamento de longa duração e à recuperação de edifícios históricos.

O projeto de arquitetura, a cargo de Miguel Ângelo Silva, foi apresentado e aprovado pela Câmara Municipal de Setúbal e Direção-Geral do Património Cultural. O investimento total do Grupo SKEP na recuperação do Palácio Feu Guião foi de 1,8 milhões de euros.

A demolição do prédio e as escavações arqueológicas começaram em setembro de 2017. “O Grupo SKEP contratou uma empresa especializada na área da arqueologia para fazer um levantamento dos possíveis vestígios arqueológicos existentes no interior do edifício. Durante esses trabalhos foram encontradas centenas de pedaços de cerâmica de diferentes épocas, moedas e seixos, um material bastante utilizado na época”, começa por explicar à New in Setúbal, Constantino Modesto, diretor-executivo do Grupo SKEP.

O início da construção deu-se em março de 2020. O edifício de 1432 metros quadrados é composto por dois blocos: o palácio, que dá para a Rua Jacob Queimado, e o anexo. O palácio conta com 13 apartamentos e o anexo tem outros seis. As tipologias são T0, T1, T2 e T3 e todos estão totalmente equipados, seguindo um design moderno que contrasta com a fachada do edifício. 

Traçado original do edifício foi mantido

Como se trata de um imóvel de interesse municipal desde 2009 e que faz parte do património da cidade, o projeto de arquitetura teve de respeitar o traçado original do edifício. No entanto, dado o seu estado de deterioração, alguns elementos tiveram de ser totalmente restaurados. 

Por exemplo, a fachada original teve de ser preservada incluindo o brasão da família Feu Guião e as três gárgulas esculpidas em pedra calcária. Estas últimas estruturas tinham como função o escoamento das águas pluviais. Constantino Modesto afirma à NiS que “os gradeamentos metálicos das varandas são originais bem como algumas das pedras”. Já a cor da fachada não foi mantida, uma vez que não existem registos do tom original.

O preço das rendas varia entre os 450€ e os 1300€, conforme a tipologia escolhida. Todos os apartamentos já se encontram arrendados e os últimos inquilinos chegaram a 1 de fevereiro.

A recuperação do Palácio Feu Guião deu origem a um livro lançado em dezembro do ano passado. A obra, escrita por Rui Canas Gaspar, chama-se “Palácio Feu Guião — A Fénix Renascida” e reúne várias informações e fotografias sobre a evolução do imóvel, bem como do bairro de Troino e as áreas envolventes.

De seguida carregue na galeria para ver a transformação do Palácio Feu Guião, começando pelas imagens do estado anterior à recuperação do edifício.

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