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Este turismo rural, dedicado à arte e com produção agrícola, fica a 1 hora de Setúbal

A Quinta da Abelheira, entre Mafra e Ericeira, remonta ao século XVII. Agora, alia a agricultura com a paixão pelos quadros.
É um sonho.

Se, por um lado, Vasco Duarte Silva, sempre conviveu de perto com obras de arte e com os próprios artistas plásticos a visitarem a sua casa, por outro, quis o destino que comprasse uma quinta de 40 hectares, com mais de 400 anos, e ligada à produção agrícola.  

O pai era gestor de galerias de arte em Portugal e Espanha e foi o impulsionador do interesse por pintura. E ainda que Vasco, 58 anos, tenha levado essa paixão para a vida, optou por seguir uma profissão no setor bancário. Aos 18 anos, abriu uma galeria em Lisboa, e, a 1 de julho, abriu o turismo rural Quinta da Abelheira, na aldeia do Sobral da Abelheira, entre Mafra e a Ericeira — outro dos seus sonhos —  e fica a cerca de 1 hora de Setúbal, perfeito para uma escapadinha.

Além da receção de hóspedes, este é o maior empreendimento de agrofloresta da região Oeste, com oito hectares já certificados como biológicos e 32 em processo de conversão. O terreno foi comprado em 2013 e a construção tem sido progressiva. “Queria fazer algo especial ligado às minhas origens e à pintura portuguesa, entretanto, também começámos a desenvolver o projeto de agricultura biológica”, explica.

 A origem da propriedade remonta a 1608, quando o comerciante Miguel Herman comprou os terrenos onde está localizada atualmente. Ao longo dos anos, pertenceu a diferentes famílias, até ser adquirida pelo proprietário atual. Naquela época, encontrava-se “muito degradada” e, apenas com trabalhadores da localidade, deu-se início à sua recuperação.

No meio de quase uma década de obras, fizeram a transformação da agricultura convencional a biológica. Adotaram o modelo desenvolvido pelo suíço Ernest Gotsch, em meados do século XX, considerado como uma das técnicas de plantação mais viáveis do ponto de vista ambiental, social e económico.

Antes, a agricultura da quinta era focada no azeite, existindo ainda a casa do lagar da época. Posteriormente, virou-se para a vinha e, até meados do século XX, nos morangos. A plantação da aclamada Pêra Rocha iniciou-se na década de 1950 — hoje, a Quinta da Abelheira é uma das maiores produtoras deste fruto. As “rainhas da quinta” são as galinhas, das raças autóctones portuguesas Pedrês e a Lusitana. “É um verdadeiro desafio, até porque a produção de ovos não é a maior, mas pelo menos é a mais portuguesa”, sublinha.

O turismo rural, no centro da história deste local, é o melhor dos dois mundos: alia a continuidade de uma das profissões mais antigas do mundo com um olhar contemporâneo. “Apostámos em pormenores que fazem a diferença e dão um encanto especial ao alojamento. É uma mistura de cultura, de experiência e do mundo da agricultura biológica, tudo isto com uma paisagem fantástica, aquilo que mais me apaixonou nesta casa”, sublinha o responsável.

Possui quatro quartos e dois apartamentos que funcionam também como uma espécie de museu. Cada um dos quartos é dedicado a um pintor português, com obras originais, catálogos e detalhes sobre a vida e influência de cada um — uma forma de dar a conhecer “um pouco mais de Portugal e a sua cultura”.

Os visitantes podem ver parte da coleção que esteve em exposição no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian sob o tema “A Obra Perdida”, de Emmerico Nunes, um dos pioneiros do modernismo em Portugal. Além disso, estão em exposição obras de outros artistas como Amadeo de Sousa Cardoso, Manuel D’Assumpção, Jorge Barradas, António Soares, Manuel Bentes, Almada Negreiro e Cristiano Cruz.

Mais uma vez, com a homenagem à pátria presente, encontra as primeiras edições de obras de autores portugueses como Eça de Queirós ou Camilo Castelo Branco tanto nos quartos como na vasta biblioteca “com mais de 5000 livros e catálogos internacionais”, sublinha o empreendedor.

Os pequenos-almoços e brunches são servidos na sala da biblioteca, com produtos frescos da quinta, como os ovos biológicos das galinhas Pedres, o pão de massa mãe da região feito no forno caseiro, compotas caseiras e fruta dos pomares.

Há ainda uma sala de estar com televisão, um pequeno ginásio e um espaço para festas e eventos. No exterior, destaca-se a piscina, mas os hóspedes podem também fazer caminhadas pelos pomares, agrofloresta e horta. Piqueniques, aluguer de bicicletas convencionais ou elétricas e passeios de charrete pelos terrenos são outras opções disponíveis.

A Quinta da Abelheira é, assim, um projeto de agricultura biológica e de turismo onde a “paixão pela arte e pela pintura portuguesa” estão bem presentes. Os preços começam nos 285€ por noite e as reservas podem ser feitas online.

Carregue na galeria para conhecer alguns cantos desta sugestão de escapadinha.

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