Quando tinha seis anos só pensava em cantar, dançar, jogar computador e brincar com Barbies. Mas havia uma coisa que também era sagrada para mim: as festas de aniversário com os amigos. E, neste ponto, quem nasceu entre os anos 90 e 2000, não esquece o nome Chiquipark. O mega parque de diversões setubalense abriu em 1999 na Estrada da Graça junto ao viaduto das Fontainhas.
Depois da Jumbolândia, o espaço infantil com escorrega e outras brincadeiras instalado na primeira galeria de lojas do Jumbo (atual Alegro Setúbal), o Chiquipark foi a grande novidade do ano. Todos os miúdos dos infantários e escolas primárias pediam aos pais para fazer lá as festas de aniversário e eu não fui exceção.
Estreei o parque em 2000 no meu sexto aniversário e foram as duas horas e meia mais divertidas da minha infância. Era tudo muito simples: bastava vestir uma T-shirt, uns calções de ganga e meias e estava pronta para brincar.
O espaço era muito grande e não digo isto por ser pequenina na altura. A receção e as casas de banho ficavam na entrada. Depois, à direita, havia uma zona com vários brinquedos e insufláveis para os bebés, a partir dos dois anos. Aqui eles podiam cair sem se magoar e muitos deles até começaram por dar os seus primeiros passos lá.
A área do Chiquipark que eu mais gostava era o escorrega amarelo, com cerca de quatro metros de altura. Eu e os meus amigos costumávamos chamar-lhe “escorrega da morte” e, apesar de os pais e os monitores nos avisarem para termos cuidado, a maioria desobedecia e descia de olhos fechados e sem se agarrar às laterais da estrutura.
Além do escorrega, os miúdos podiam entrar num labirinto incrível que dava acesso a uma piscina de bolas. Os menos aventureiros também tinham um espaço para construir peças em LEGO e fazer desenhos.
Depois das brincadeiras, a pausa para o lanche era imperdível e o momento em que cantávamos finalmente os parabéns, ao som da música do Batatoon. Esse espaço dos lanches funcionava como bar para os pais relaxarem e beberem um café enquanto os miúdos brincavam.
O aniversariante ficava sentado à cabeceira numa cadeira em forma de trono e recebia sempre uma prenda. A mesa do lanche tinha tudo o que os miúdos precisavam para repor energias: sandes, gelatinas, gomas, sumos, refrigerantes e um bolo de aniversário de pão de ló e doce de ovo delicioso.
A ideia de criar o Chiquipark partiu de Nuno Lemos, professor de Educação Física. “Apesar de não ter sido o primeiro parque em Setúbal — pois já havia a Jumbolândia —, foi o que mais se preocupou com a importância do aniversariante. O nosso objetivo é que nesse dia a criança se sentisse o rei ou rainha da festa, daí o trono”, conta à New in Setúbal o responsável.
O Chiquipark recebeu ainda centenas de infantários, escolas e colégios da região de Setúbal, Alcácer do Sal, Grândola, Palmela, Moita, Almada e Sesimbra. O parque fechou em 2006. Restam-nos as memórias felizes dos álbuns de fotografias e cassetes de vídeo de miúdos como eu, que afirmam com orgulho que pertenceram à “geração Chiquipark”.