Esta segunda-feira, 28 de abril, um apagão assolou a Península Ibérica e alguns países da União Europeia. Eram cerca das 11h38, quando Portugal Continental ficou sem eletricidade. No meio de um cenário de caos e pânico, em que primeiro falhou a eletricidade, depois as comunicações e até mesmo a água em alguns pontos do País, o foco do Governo foi o de garantir os serviços mínimos e restabelecer ligações. Já o objetivo da população foi correr para os supermercados e multibancos e encher garrafões de água.
Após cerca de dez horas de apagão, a reposição foi faseada “para evitar novos desequilíbrios no sistema”, refere o comunicado do Sistema de Segurança Interna (SSI), sendo que na maioria do País, apenas depois das 20 horas se voltou a ter eletricidade. Agora, segundo a E-Redes e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, Portugal tem o sistema de abastecimento elétrico a funcionar a 100 por cento e de forma autónoma.
Nesta segunda-feira, a autarquia de Setúbal apenas conseguiu reunir às 15 horas e muitas das juntas de freguesia tiveram de ser contactadas pessoalmente, revela o presidente da Câmara, André Martins à NiS. Uma segunda reunião ocorreu pelas 18 horas. Neste âmbito, foram acionadas a comissão municipal de proteção civil, assim como todas as entidades que têm intervenção e responsabilidade na saúde, como os bombeiros, a PSP e a GNR.
Os serviços municipais estiveram operacionais e garantem que não há situações de maior gravidade a assinalar. No que toca à saúde, houve prevenção e acompanhamento das IPSS, que têm idosos com problemas de saúde. Aos três hospitais de Setúbal foram fornecidos combustível e água, de forma a assegurar o seu funcionamento mínimo.
André Martins diz estar “aliviado” com a resolução rápida da situação, mas sublinha que “não houve qualquer contacto com o governo, a nível local ou nacional”, nem com a Entidade Nacional de Emergência e Proteção Civil. Para estar a par da situação, foi necessário recorrer aos meios de comunicação social.
O autarca destaca que no meio desta situação de emergência, a grande falha foi na comunicação e apela a que “quando haja uma situação de dificuldade de comunicação, existam meios que garantam uma comunicação urgente”.
Relativamente ao abastecimento de água, a situação já foi regularizada em quase todo o concelho, no entanto, foram registadas várias situações de inundações, uma vez que alguns cidadãos deixaram torneiras abertas, quando a água ainda estava cortada. Felizmente, essas ocorrências já se encontram resolvidas.
O responsável pelo executivo da CDU adianta que há situações pontuais de prédios mais elevados que têm sistemas de pressurização da água que, com a falha de energia, foram desativados. Nesses edifícios, o reabastecimento de água está a ser mais demorado porque é necessário reativar manualmente estes sistemas. Nas zonas mais elevadas do concelho, a água também demorou mais tempo a chegar.
A população revelou uma “tendência a acumular água”. O autarca explica que “o abastecimento de água está dependente da existência de energia e a falta de água, que durou poucas horas, tem a ver com a reação das pessoas que fazem acumulação de água, uma vez que os reservatórios têm uma capacidade de consumo médio e com o consumo extraordinário foi difícil gerir”.
Tal como noutras cidades, em Setúbal, também se registou uma corrida massiva aos supermercados, motivada, segundo o autarca, pela falta de comunicação. Sabemos que neste tipo de situações, cada um procura garantir a sua própria subsistência, mas, neste caso, as pessoas foram deixadas sem orientação e cada um foi procurar a sua solução. “Se tivesse havido informação de que estava a ser restabelecida a energia, as pessoas tinham sido mais moderadas na procura dos bens alimentares”.
Agora, ainda entre reuniões, o autarca garante que o município está à procura de soluções, que permitam capacitar o concelho e minimizar os impactos deste tipo de situações de emergência, caso se voltem a verificar no futuro.