É já no próximo sábado, dia 26 de março, que vai ser revelada a Miss CPLP 2021/22, no Capitólio de Lisboa. O concurso, que junta representantes dos nove estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), tem como objetivo promover uma cultura de paz e defesa de causas sociais.
Na sexta edição do Concurso de Beleza Lusófona — Miss CPLP 2022, a primeira desde a pandemia, quem vai representar Portugal é a setubalense Aline Martinho, de 28 anos. A NiS esteve à conversa com a candidata, que não esconde o orgulho de levar a bandeira de Portugal ao peito e de representar também a cidade que a viu nascer: Setúbal.
Filha de pais angolanos, nasceu há 28 anos, precisamente no dia em que o Vitória Futebol Clube venceu o Sporting Clube de Portugal por sete golos a zero. Eufórico, o pai da representante portuguesa foi registá-la como sócia do clube sadino.

Anos antes sequer de imaginar participar em desfiles e concursos de beleza, lembra-se de passar os dias no Jardim do Bonfim a observar e brincar com os patos que viviam no lago, juntamente com o pai que morreu quando a jovem tinha 14 anos. “Lembro-me de passear muitas vezes pela cidade e estar sempre acompanhada pelo meu pai. Foi uma infância muito feliz exatamente por isso. Quando ele faleceu foi um momento difícil, mas recordo-me dele sempre com um sorriso porque tivemos momentos muito bons”, começa por contar à NiS a setubalense.
Foi também por volta dessa idade que entrou no mundo dos desfiles, depois de ter sido desafiada a participar num pequeno concurso para eleger a Miss da Escola Luísa Todi. Apesar de ter ido com algum medo e pouca confiança, saiu de lá vencedora e, desde aí nunca mais parou.
Participou em vários desfiles na cidade e não só como a Moda Sado, a Setúbal Fashion Weekend, a Miss Rádio Azul e até mesmo a Miss Angola Portugal. “Já tinha participado na Setúbal Fashion Weekend algumas vezes e quando ganhei foi um sonho quase tornado realidade, porque era um concurso da minha cidade. A partir desse momento foram só pontapés de saída para outros concursos”, conta Aline.
Foram muitas as experiências e todas elas serviram para aprender grande parte das bases que tem hoje em dia e que vai colocar em prática no concurso da Miss CPLP. A oportunidade de participar no evento surgiu ainda antes da pandemia, mas na altura foi tudo cancelado. Com o regresso da competição, a jovem não pensou duas vezes e inscreveu-se para ser uma das representantes, na altura ainda sem saber se iria com a bandeira de Portugal ou Angola.
Por ser filha de pais angolanos e ter dupla nacionalidade, a decisão de escolher o país que iria representar não foi fácil. “Era livre para escolher o país que queria representar. Quando saí do casting, fez-me todo o sentido representar Portugal e Setúbal. Todos os meus amigos e as pessoas que estão comigo e que acreditam em mim são setubalenses”, explica.
É precisamente por esse motivo que decidiu que, com ela, ia levar a cidade que a mãe escolheu viver quando chegou ao País. “Se sou setubalense, as coisas que vão comigo têm de ser de Setúbal, não faz sentido serem de outro lado”, diz. Todos os patrocinadores da candidata são setubalenses e o traje tradicional que vai levar a concurso é uma representação das marchas de Setúbal. Foi a União Desportiva e Recreativa das Pontes que lhe cedeu o traje e trataram da música e coreografia que a representante vai apresentar este sábado, dia 26 de março.
Em relação ao concurso, Aline reforça que tem de começar a ser vista com outros olhos, porque não se trata “apenas de uma menina bonita com maquilhagem e vestidos, mas de uma causa, um projeto social”. Feliz, honrada e privilegiada são as palavras que descrevem aquilo que Aline Martinho sente por estar a representar o País onde cresceu. As votações já estão abertas e pode votar na candidata setubalense online.
O escutismo, o desporto e a Alymor
A par destes concursos, Aline Martinho tem uma vida bastante preenchida graças aos escuteiros, ao desporto e à sua marca Alymor. É escuteira há mais de 20 anos e, por isso, sempre teve uma boa relação com a natureza. Por esse motivo, e por ser “uma rapariga de adrelina”, decidiu tirar o Curso Técnico Superior em Desportos da Natureza.
Com o objetivo de complementar esse primeiro curso, está a terminar a Licenciatura em Desporto, no Instituto Politécnico de Setúbal. Enquanto estuda, também faz parte da OF Produções, uma organização que se dedica especialmente às áreas da animação e eventos.
Há cerca de dois anos, a organização desenvolvou em parceria com a UPAJE, a Summerpolis, um projeto que veio revolucionar o mundo dos campos de férias. “Fazer parte da base deste projeto é algo único e divinal. A OF Produções abriu-me as portas para poder ser mais do que aquilo que sou e já me proporcionou oportunidades espetaculares”, destaca.

Com o escutismo, os estudos e o trabalho, a jovem ainda arranjou tempo para criar o seu próprio negócio. Chama-se Alymor . “O conceito passa por trazer Angola para Portugal assim como a minha mãe me trouxe a mim. A Alymor nasce de capulanas, porque a minha avó às vezes manda-me capulanas no Natal. Gostava de trabalhar com feltro, depois entretanto quis ter uma máquina de costura e pensei que juntar tudo seria fantástico”, conta.
A primeira coleção da marca contou só com peças em feltro, sendo que a segunda já foi misturada com capulana. Tinha disponíveis para venda almofadas, lenços e bolsas. Pouco depois, lançou a coleção Nérida, com foco nos turbantes. “Foi uma homenagem muito especial à minha amiga Nérida Lopes, por causa do cancro”.
No futuro, a ideia é lançar uma coleção dedicada ao ramo do fitness e, daqui a uns tempos, é possível que encontre algumas das peças da Alymor à venda em várias lojas da cidade. “O conceito é a partilha de amor, porque tudo o que faço é com amor e carinho. Confeciono estas peças e tenho estas ideias para dar carinho a alguém de uma forma bonita”, diz a representante portuguesa.
De seguida, carregue na galeria para ver algumas das peças da Alymor.