O Largo José Afonso, na Avenida Luísa Todi, em Setúbal, é uma das imagens de marca da cidade. Normalmente, o que chama mais a atenção é o pórtico laranja, onde se realizam alguns eventos ao ar livre. Outro dos destaques vai para o mural de “O Rapaz dos Pássaros”, pintado pelo artista Sérgio Odeith.
Provavelmente, o que muitos não sabem é que, no passado, o rio Sado chegava àquela zona, onde até havia um areal com águas límpidas que convidavam os setubalenses a ir a banhos sobretudo no verão. No meio dessa praia ficava o Passeio do Lago, mais tarde conhecido como Parque das Escolas, inaugurado em novembro de 1870 pelo então presidente da Câmara de Setúbal, António Rodrigues Manito.
Para ajudá-lo a reconstruir a memória deste sítio, a New in Setúbal mostra-lhe imagens a preto a branco do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro cedidas pelo município. ao lado de outras atuais para perceber o que mudou.
Nesse local há cerca de 150 anos foi criado um passeio público que servia de zona de lazer para a burguesia e espaço de trabalho para os pescadores. De acordo com uma notícia publicada a 15 de julho de 1930 na folha quinzenal “A Mocidade”, o passeio público “conservava no centro um vasto lago, do qual irradiavam seis largas e longas ruas, ladeadas por um viçoso arvoredo”. A mesma publicação refere ainda que “o lago foi no princípio cercado por eucaliptos que chegaram a ser frondosos e nos espaços entre as ruas havia boas sombras”.
A fonte existente na estrutura do lago foi, segundo o historiador João Carlos Almeida Carvalho, transferida do claustro do Convento de Nossa Senhora do Carmo quando o Passeio do Lago começou a ser requalificado. Porém, anos mais tarde, o jardim passou a ser usado pelos pescadores que consertavam as redes de pesca e as atavam às árvores para secarem.
Além disso, começaram a ser construídos prédios à volta do espaço verde onde se instalaram fábricas de conservas de peixe. Resultado: o passeio público ficou praticamente reduzido à fonte central.
Durante anos, a zona esteve abandonada até à construção do auditório do Largo José Afonso e da A Casa do Largo — Pousada da Juventude. O prédio estava abandonado desde 2012 e depois de várias obras reabriu em 2017, com uma decoração irreverente e graffitis do artista Smile. Tem uma cafetaria com esplanada e um auditório.

