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A sedutora casa na Comporta que é um autêntico sonho de uma noite de verão

Não parece, mas fica num dos lotes mais próximos ao extenso areal das praias da região. O projeto é da dEMM Arquitetura.
Que maravilha. (Foto: FG+SG | Fernando Guerra)

Não há como negar: a Comporta é o local onde todos querem estar e isso cria alguns problemas, nomeadamente de espaço. Foi esse constrangimento que o arquiteto Paulo Fernandes Silva, do atelier dEMM Arquitetura, tentou fintar neste projeto que idealizou uma casa de férias na cobiçada região e que ficou terminado em 2022.

“O terreno fica perto das praias da Comporta, mas havia o condicionamento do lote. Não era um terreno isolado, estava rodeado de casas. Havia, no entanto, essa questão importante da salvaguarda da privacidade”, explica à NiT. Mesmo com o condicionamento, não se pode dizer que a área é propriamente pequena. O lote de 900 metros quadrados acolhe uma moradia com cerca de 400 metros quadrados.

A forma encontrada para potenciar a área foi a de criar dois pisos — mas escondendo-os para que essa dimensão não seja visível da rua. E não é. Divida em duas áreas principais, a que enfrenta a rua mantém-se num piso térreo com espaço para a garagem e dois quartos mais área técnica. Depois, um corredor ladeado por um padrão personalizado de madeira conduz a outro corredor, este envidraçado, numa entrada majestosa na gigante área social do segundo volume da casa.

Da ampla área avista-se a piscina e, para lá dela, mais um dos truques para esta espécie de isolamento fictício do lote. “Para criar este isolamento, quanto mais espaço tivéssemos no piso térreo, melhor. Também decidimos criar dunas no exterior, já que o terreno é em areia. Algo que replicasse as dunas das praias selvagens da região, a sua beleza natural.”

O look tradicional das casas da Comporta foi uma das inspirações. Num dos mais preciosos detalhes, criaram um padrão próprio de madeira texturada e montada “para criar um efeito de sombra” que faz com que vá “mudando com o passar do dia”. São esses painéis que adornam parte da área interior, mas que também se alargam para o exterior, nos painéis retráteis que podem ser movidos para dar ainda mais privacidade à casa. Painéis que têm também alguns rasgos para permitir a entrada de luz.

É, no entanto, impossível escapar da área social, o piso térreo desse segundo volume de betão. As portas envidraçadas estão presentes de ambos os lados e retraem-se completamente, o que cria um amplo espaço completamente aberto — uma bênção nos dias quentes de verão. Só que para o conseguirem, foi preciso limpar a área de qualquer coluna que pudesse obstruir o campo visual.

“Pareceu-nos interessante que a sala não tivesse qualquer elemento vertical, estrutura ou pilar. É uma sala com cerca de 18 metros de comprimento e tentámos retirar esses elementos para que não interferissem com toda aquela transparência”, explica. “Para que assim ficasse, todo o volume do primeiro piso está apoiado nos limites desses 18 metros. E daí a escolha pelo betão — neste caso branco, porque assim ditavam as regras para os lotes.”

Foi este um dos maiores desafios, tanto em termos arquitetónicos como técnicos. A única exceção é a imponente e sedutora escadaria em caracol implantada na sala e que rompe o teto rumo aos dois quartos no piso superior.

O dito bloco de betão tem outra particularidade. Virado para as dunas, permite que as janelas e as varandas se retraiam no seu interior, sem obstruir a vista, mas oferecendo ainda mais privacidade. Mas essa retração tem outro objetivo estético.

Essa retração permitiu que, no limite, o betão seja cada vez mais fino, a uma espessura quase impercetível. “A ideia era a de criar aí uma leveza muito grande, uma vez que o volume é muito pesado. Queríamos criar aí um contraste.”

São então estes os dois principais materiais, o betão branco e a madeira termotratada. Uma opção para transmitir leveza e “dar uma contiguidade ao espaço” que se estende aos materiais, bem como à escolha para o piso, uma “pedra calcária com fósseis e conchas visíveis”. “Tem pouco brilho, propositadamente para permitir essa leitura dos elementos da pedra.”

Olhando para o projeto na totalidade, Paulo Fernandes Silva não tem dúvidas sobre o que mais o orgulha. “A continuidade visual entre o exterior, dada também pelas transparências e os grandes planos de vidro. Não existirem barreiras interiores e exteriores foi super importante. Conseguir executar tudo da forma que tínhamos imaginado foi incrível”, explica.

“Quando se entra na casa, parece que viajamos para outro sítio. E quando entramos no coração da casa, vemos o pinhal com uma força incrível, com toda aquela luz ao fundo. É das melhores sensações que se tem naquela casa.”

A seguir, carregue na galeria para ver mais imagens desta moradia de sonho na Comporta.

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