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Quando o diagnóstico chega: a aceitação como chave para o futuro do seu filho

A psicóloga Patrícia Sobral, da clínica setubalense Mentes INquietas, fala das emoções parentais e como aprender a geri-las.
É um processo.

Receber o diagnóstico de uma perturbação do neurodesenvolvimento num filho é um dos momentos mais desafiantes que um pai ou uma mãe pode enfrentar. É como se o chão desaparecesse debaixo dos pés e as certezas que tinham sobre o futuro se tornassem incertas e, muitas vezes, assustadoras. O cérebro e o desenvolvimento da criança, que imaginávamos seguir um caminho previsível, tomam agora uma nova direção.

Diagnósticos como o autismo, a perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) ou dificuldades de aprendizagem trazem consigo uma nova realidade que exige uma profunda transformação emocional. Quando esta notícia chega, a primeira reação pode ser a negação. É um mecanismo de defesa natural, quase instintivo, como se quiséssemos que tudo não passasse de um mal-entendido.

O luto pelo filho “idealizado” é doloroso, mas necessário. Os pais vêem-se confrontados com sentimentos de tristeza, de frustração e, muitas vezes, de culpa. A pergunta “Porquê nós?” pode surgir repetidamente, acompanhada de uma sensação de impotência. Não é fácil aceitar que o caminho será diferente do que se imaginava. Mas, aos poucos, a vida começa a mostrar que, apesar de ser um caminho distinto, também é repleto de momentos de alegria e conquistas, embora estas possam ter um ritmo ou uma forma inesperada.

A aceitação do diagnóstico é uma parte crucial deste processo. No início, parece uma carga demasiado pesada. Como se pode aceitar que o nosso filho vai enfrentar desafios que outros não terão de enfrentar? Que vai interagir com o mundo de uma forma que nem sempre será compreendida ou aceite? Mas, com o tempo, os pais percebem que aceitar não é desistir. Aceitar significa encontrar novas formas de amar e apoiar a criança. Significa procurar as melhores terapias, rodear-se de profissionais dedicados e, acima de tudo, aprender a valorizar cada pequena vitória.

Quando os pais chegam a este ponto de aceitação, a criança também sente essa mudança. A família começa a adaptar-se, a encontrar o seu equilíbrio. A perturbação do neurodesenvolvimento deixa de ser um obstáculo e passa a ser uma característica que, com apoio e compreensão, pode ser trabalhada. É nesta aceitação que reside a esperança, pois quanto mais cedo os pais se conectarem com a realidade do seu filho, mais cedo conseguem intervir e proporcionar-lhe as ferramentas necessárias para crescer com dignidade.

“Cada família tem o seu tempo”

Por outro lado, quando a negação persiste, as consequências podem ser devastadoras. A negação adia a procura de ajuda especializada, e com isso, o tempo precioso que poderia ser utilizado em intervenções terapêuticas é perdido. A criança, que precisa de apoio e estímulos específicos, pode acabar por sentir a pressão de expectativas irreais. A família, por sua vez, vive num estado de tensão constante, com conflitos que surgem da frustração e da incompreensão mútua.

Cada família tem o seu tempo para viver este processo. Não há um manual, nem uma receita que se possa seguir. Mas há ajuda. E essa ajuda pode vir de diferentes lados – terapias, grupos de apoio, outros pais que já passaram pelo mesmo. Ninguém tem de passar por este caminho sozinho.

A terapia familiar, proporciona um espaço seguro onde todos podem expressar os seus medos, as suas dúvidas e, acima de tudo, o seu amor. Porque, no fundo, tudo se resume a isso: o amor que os pais sentem pelos seus filhos, independentemente de qualquer diagnóstico.

Este caminho é um processo de transformação. Os pais que inicialmente se sentiam perdidos, impotentes, acabam por descobrir uma força dentro de si que não sabiam existir. O filho, que parecia tão diferente do que tinham imaginado, revela-se único e precioso. As suas conquistas, embora possam parecer pequenas aos olhos do mundo, tornam-se momentos de celebração dentro da família.

O que fica é a certeza de que o diagnóstico não define a criança. Define apenas uma parte da sua história. O resto é feito de amor, de dedicação e de uma profunda resiliência. E, por mais difícil que o caminho possa ser, é um caminho que vale a pena percorrer.

Porque, no final, o que importa não são as expectativas idealizadas, mas sim o respeito pelas características únicas de cada criança. E é aí que os pais encontram a verdadeira beleza da aceitação — não em desistir dos seus sonhos, mas em adaptá-los e descobrir que a felicidade pode estar, afinal, em lugares que nunca imaginaram.

Pode marcar uma consulta, desta ou de outra especialidade, no site da clínica setubalense Mentes INquietas, através dos contactos 265 233 066, 927 401 218, ou enviar email para geral@nullmentesinqueitas.pt.

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