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Há cada vez mais homens portugueses virgens aos 30 anos por causa da disfunção erétil

Existem medicamentos que a podem provocar e a maioria da comunidade masculina nem desconfia.
Pode acontecer em qualquer idade.

A Geração Z tem sido frequentemente mencionada como a que menos se envolve em relações sexuais quando comparada com gerações anteriores, e essa realidade pode ser atribuída a diversas causas. Um dos fatores mais relevantes é o impacto da saúde mental na disfunção erétil, por exemplo. A médica especialista em genitoestética, Isabel Hermenegildo, explica: “Pense num pénis como uma cebola, com camadas que precisam de funcionar em conjunto para que o homem consiga ter uma ereção.”

A disfunção erétil corresponde à incapacidade de ter uma ereção que permita uma atividade sexual “satisfatória”. “Este problema só é diagnosticado quando acontece consecutivamente, mas a maioria dos homens em algum momento da vida tem um episódio destes.” O habitual é acontecer em homens mais velhos, devido a vários fatores relacionados com a idade, mas também é possível manifestar-se nos mais jovens. 

Esta dificuldade em obter ou manter uma ereção suficiente para uma atividade sexual “satisfatória”, é um problema que, embora costume ser mais comum em homens mais velhos, também pode afetar os mais jovens. “A maioria das pessoas acredita que a prevalência aumenta a partir dos 60 anos, mas tenho muitos pacientes no meu consultório com idades a partir dos 20 anos”, afirma Isabel Hermenegildo.

Os episódios de disfunção erétil podem ocorrer em qualquer faixa etária, influenciados por diversos fatores, como o consumo de substâncias, problemas psicológicos e mesmo alguns medicamentos utilizados para tratar a alopecia, que causa queda de cabelo.

“Os níveis de stress aos quais os jovens são sujeitos nas suas primeiras relações sexuais podem provocar estas situações porque acabam por se sentir muito intimidados. Não acontecer naquelas alturas é uma grande sorte na realidade.” A pornografia à qual assistem durante a sua adolescência e a pressão dos amigos para terem relações sexuais são as principais causas para o insucesso nas primeiras experiências. 

Em Portugal, a disfunção erétil afeta cerca de 500 mil homens, representando 13 por cento da população masculina adulta. Embora habitualmente associada a homens mais velhos, a disfunção erétil é um tema ainda considerado tabu entre a comunidade masculina e também afeta os mais jovens. A taxa de prevalência global no nosso País, entre homens com idades entre os 40 e os 70 anos é de 50 por cento, enquanto entre os 20 e os 30 anos, estima-se que se situe entre 5 a 10 por cento. Segundo a Organização Mundial da Saúde, este número tem vindo a aumentar nos últimos anos.

“Apesar das pessoas acharem que é algo simples, o processo de uma ereção é complicado e envolve uma série de condições para acontecer, desde psicológicas a neurológicas e ambientais. É fulcral ter uma parte vascular saudável, assim como ótimos recetores da informação para a encaminhar ao cérebro”, explica. Apesar da perceção de que a ereção é um processo simples, é, na verdade, bastante complexo, envolvendo uma série de condições físicas, psicológicas, neurológicas e ambientais.

A especialista realça que, quando existem episódios de falta de ereção em homens jovens, pode causar problemas psicológicos relacionados à ideia de insucesso e angústia. “Têm muita vergonha de falar sobre isto e procurar ajuda. Muitos acabam por recorrer a sites onde já é possível encomendar Viagra sem receita médica e medicam-se autonomamente.” E acrescenta: “Tenho vários pacientes com trinta e tal anos que ainda são virgens e apenas recorrem à masturbação. Temem a disfunção erétil e não têm coragem para avançar.

Os sintomas incluem ereções breves, diminuição do número de ereções espontâneas, ejaculação precoce, redução do desejo sexual e dificuldade em manter uma ereção; que podem surgir de forma progressiva ou repentina.

As causas associadas ao problema são diversas e incluem alterações nos vasos sanguíneos ou nervos penianos, variações hormonais, anomalias estruturais do pénis, problemas psicológicos (como depressão e ansiedade), uso de certos medicamentos (incluindo aqueles utilizados para a hipertensão e antidepressivos, que podem reduzir os níveis de testosterona) e substâncias como cocaína e morfina.

O diagnóstico é realizado em ambiente clínico, através de exames, incluindo análises hormonais para avaliar os níveis de testosterona e outros testes de sangue para descartar doenças como diabetes ou infeções urinárias. Se necessário, é feito um caverjet, um teste que provoca uma ereção para avaliar a sua evolução e determinar o tratamento adequado.

A médica sublinha que a disfunção erétil pode ser o primeiro sinal de uma doença cardíaca ou coronária, tornando essencial procurar assistência médica se a situação se repetir. “Muitas vezes, é também necessário apoio psicológico, pois os homens podem sofrer muito mentalmente devido a esta condição”, salienta.

Os diversos tratamentos disponíveis são sempre adaptados a cada paciente e às causas subjacentes. Entre as opções, encontram-se medicamentos como os inibidores da fosfodiesterase, como Sildenafil (conhecido como Viagra), Tadalafil e Vardenafil, todos sujeitos a receita médica.

É também possível realizar uma reposição hormonal com testosterona, que pode ser administrada de várias formas. Em casos extremos, pode ser necessário recorrer à cirurgia para a implantação de uma prótese, que pode ser maleável ou insuflável.

“Manter uma boa higiene de vida, praticar exercício físico e ter uma alimentação saudável são fatores que podem ajudar a prevenir a disfunção erétil.” Para a médica, é importante que os homens retenham a mensagem de que a disfunção erétil é um problema comum, mas tratável. “Com o conjunto de tecnologias, medicamentos e recursos de que dispomos atualmente, não existe qualquer justificação para não procurar apoio adequado.”

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