Dos mais novos aos adultos, poucos conseguem resistir à tentação de devorar um pacote de gomas. Seja pela infinidade de cores, pelas formas ou sabores — sejam doces ou ácidas. É graças a esta variedade que se tornaram presenças assíduas nas épocas festivas, como no caso do Halloween.
O que começou como uma tradição nos Estados Unidos chegou rapidamente a Portugal e já é comum os miúdos saírem de casa, na última noite de outubro, vestidos de bruxas ou fantasmas e regressarem com os bolsos cheios de rebuçados, bombons e, claro está, gomas oferecidas no jogo da doçura ou travessura.
Aparentemente inofensivas, — normalmente contêm açúcar ou xarope de glicose, gelatina, corantes e aromatizantes artificiais ou ácido cítrico, no caso das ácidas — escondem um lado bem mais sombrio.
“Uma embalagem de 100 gramas pode conter 50 a 70 gramas de açúcar, o que equivale a cerca de 10 a 14 daqueles pacotes distribuídos com o café (sendo que cada um tem aproximadamente cinco gramas)”, lembra a nutricionista Lilian Barros. Quer isto dizer que “um pequeno saco de gomas pode conter o dobro ou o triplo do valor diário recomendado de açúcar”.
As piores das piores
Se o cenário já é assustador, existem versões ainda mais prejudiciais, com uma combinação de “altas quantidades de açúcar, óleos, corantes artificiais e aditivos químicos”, explica. “Marcas que produzem gomas com cores intensas e sabores artificiais, como as populares ácidas ou com recheio líquido, são especialmente más.”
Isto porque “costumam ter uma alta concentração de xaropes de glicose e corantes, como E102 (tartrazina) e E129 (vermelho allura), que estão associados a reações alérgicas e efeitos negativos na saúde dos mais novos”.
Ao comprá-las, evite as opções muito ricas em açúcar. “Chegam a conter mais de 70 por cento em 100 gramas, como as amoras ou dos beijos de morango. O ideal é terem o mínimo de açúcar possível e nunca mais de 50 gramas de açúcar por 100 gramas”, lembra Lilian Barros.
E como a noite de Halloween acontece apenas uma vez por ano, a nutricionista sublinha ainda que as gomas não devem ser consumidas diariamente. “A Organização Mundial da Saúde sugere reduzir a ingestão de açúcar para menos de cinco por cento do total de calorias diárias, o que corresponde a menos de 19 gramas (cerca de cinco colheres de chá) por dia, no caso dos miúdos. Portanto, uma quantidade razoável seria um máximo de 4 a 6 gomas por dia e só em ocasiões especiais.”
As menos más
Já existem no mercado opções sem adição de açúcar. “Ainda que não sejam ideais, por terem toda uma panóplia de aditivos, podem ser uma opção ligeiramente mais interessante”, sugere a nutricionista. Comparar os diferentes rótulos é sempre uma boa estratégia: deve privilegiar as opções com listas de ingredientes mais curtas, que, regra geral, têm também menos emulsionantes, conservantes e corantes, por exemplo.
A tabela nutricional também deve ser consultada, para perceber as que têm menor percentagem de açúcares e adoçantes. “As melhores opções são as Gulosas de Morango, da Papinhas da Xica, e as tiras de fruta Nature Addicts, uma vez que apenas contêm fruta e fibra da fruta na sua composição”, exemplifica.
Outra opção passa por fazer gomas caseiras, garantidamente mais saudáveis.
Do que precisa
— 200 ml de água a ferver
— 1 saqueta de gelatina sem açúcar (10 calorias, por exemplo) com sabor à escolha
— 10 gramas de gelatina neutra em pó ou cinco folhas de gelatina (com esta última opção ficam mais moles)
Como se faz
Coloque a água num tacho e leve ao lume. Quando estiver a ferver junte a gelatina de sabor e mexa. A seguir, adicione a gelatina neutra, sempre a mexer. Para a mistura ficar homogénea, continue a mexer mais um minuto. Retire do lume, coloque em pequenas formas e leve ao frigorífico por cerca de uma hora.
Se já sabe que será difícil resistir a este doce no Halloween, a nutricionista Lia Faria preparou um ranking das propostas com menos açúcar, entre as que se encontram à venda nos supermercados nacionais.
Carregue na galeria para conhecer as gomas que deve comer com moderação, da pior para a melhor opção.