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Dia Mundial da Saúde Mental: a importância do diagnóstico e da procura de especialistas

As profissionais Júlia Vinhas e Ana Teresa Prata da clínica MentesINquietas alertam para os autodiagnósticos incorretos.
O Dia da Saúde Mental assinalou-se a 10 de outubro.

Muito se fala hoje sobre saúde mental e ainda bem. Se algo de positivo trouxe esta pandemia foi a atenção e o olhar para esta temática na maior parte do tempo estigmatizada e colocada de lado.

Atualmente todos percebem que não existe saúde física sem saúde mental. Muitas situações (acontecimentos, genética, estilo de vida, etc) podem desencadear doença mental e/ou mal-estar psicológico. Quando esse mal-estar se sobrepõe ao funcionamento habitual do dia a dia, de forma prolongada e em várias áreas da vida (p.e. relações sociais, escola ou trabalho, sono, apetite), então é sinal de que é preciso procurar ajuda. No entanto, o diagnóstico nem sempre é fácil de fazer.

O aumento dos conteúdos online sobre saúde mental promove a discussão sobre o tema, mas os conteúdos são por vezes contaminados com desinformação. O acesso a conteúdos não fidedignos pode levar a interpretações erradas dos sintomas e a autodiagnósticos incorretos. Além disso ainda existe muito estigma, principalmente na procura de ajuda por profissionais de saúde mental e no uso de medicação psiquiátrica.

Na verdade, fala-se muito mais de saúde mental, mas pouco de doença mental grave. Existem situações complexas em que um diagnóstico não consegue explicar todo o quadro clínico. Há vários fatores individuais, sociais e culturais a ter em conta e que têm impacto no risco de doença mental e de comorbilidade (existência de várias doenças em simultâneo, mentais ou outras).

A avaliação destes casos tem de ser feita pelo médico e/ou equipa especializada de forma individualizada e prolongada no tempo. Não existe qualquer dúvida de que um diagnóstico permite ao paciente compreender melhor a sua doença, entender a sua sintomatologia e a importância de se tratar.

A verdade é que muitas vezes, após um diagnóstico, também observamos alguns obstáculos. Por vezes, a noção da identidade do paciente fica reduzida à sua doença, não só aos olhos dos outros, que o podem ver como alguém incapaz ou indigno, mas também pela própria pessoa, que pode interpretar todos os seus comportamentos como consequência do seu diagnóstico, excluindo de si mesma a competência e autoridade sobre os seus atos e o seu papel fundamental no tratamento.

No entanto, apesar de existir ainda estigma sobre a doença mental, que impede tantos pacientes de obterem a ajuda especializada que precisam e têm direito, tem-se verificado um outro fenómeno. Os acontecimentos mundiais recentes, além da vida pessoal e familiar de cada um, foram responsáveis por um aumento generalizado de sentimentos de ansiedade, tristeza, solidão, fadiga, etc.

Ainda assim, é preciso entender que sentir é, felizmente, sinal de saúde mental. Reagir aos acontecimentos à nossa volta é expectável e útil para identificarmos sinais de alerta em nós. O que se tem verificado em algumas situações é uma busca por um diagnóstico que justifique qualquer tipo de comportamentos e mal-estar, quando, na verdade, estamos perante uma reação saudável de adaptação ao que nos rodeia.

Neste caso, o mais importante é reconhecer essas emoções e compreender o que significam para nós. Desta forma, e dando sempre a maior importância ao diagnóstico diferencial e precoce, às vezes não é doença mental, é saúde mental.

Por isso, é fundamental o autocuidado, identificar as emoções, sentimentos e comportamentos e procurar ajuda se sentir que não está a ser capaz sozinho/a. O caminho depois faz-se em conjunto na descoberta de si mesmo, na busca das melhores soluções e acima de tudo na melhoria da sua qualidade de vida.

A clínica MentesINquietas está aberta desde o dia 11 de fevereiro, no número 46 B da Avenida D. João II, perto do Hospital de São Bernardo. As marcações para as consultas da Clínica do Desenvolvimento, Comportamento E Emoções podem ser feitas através dos números de telefone 265 233 066 e telemóvel 927 401 218.

Este artigo foi escrito em coautoria por Júlia Vinhas, diretora e psicóloga clínica MentesINquietas, Clínica do Desenvolvimento, Comportamento E Emoções e Ana Teresa Prata, diretora clínica e psiquiatra da infância e adolescência das MentesINquietas, Clínica do Desenvolvimento, Comportamento E Emoções.

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