As preocupações diárias são normativas e fazem parte da vida de todos nós. O mesmo acontece com as crianças e adolescentes. A antecipação de consequências negativas pode ser protetora em algumas situações, mas noutras acaba por se tornar excessiva.
O medo é uma emoção básica humana, permite-nos uma resposta iminente ao perigo e, por isso, cumpre uma função adaptativa. Quando é proporcional ao risco, mantém-nos alerta e permite-nos agir. Sempre que sentimos ansiedade, não estamos perante o estímulo potencialmente perigoso, mas sim a antever a possibilidade desse mesmo perigo acontecer. A ansiedade é considerada, em certa medida, uma reação natural do organismo perante situações de medo ou expectativa.
Na verdade, existem tantas variáveis e situações novas a que estamos expostos e sobre as quais não temos experiências anteriores para basear a nossa avaliação de risco que é normal e protetor que, por vezes, nos sintamos ansiosos. Pode nem sempre ser fácil perceber a partir de que momento a ansiedade adquire uma dimensão patológica, contudo, o impacto negativo no funcionamento diário e a presença de elevado sofrimento são motivos para procurar ajuda.
E quando para a criança ou o adolescente a dúvida é constante? Nestas situações podemos estar a falar da presença de obsessões e de compulsões, verificando-se, muitas vezes, a presença de uma Perturbação Obsessiva-Compulsiva (POC).
Esta caracteriza-se pela presença de pensamentos, impulsos ou imagens mentais que aparecem de forma persistente, sendo geradores de ansiedade pelo formato intrusivo e incontrolável, as obsessões. Estas, estando associadas a níveis elevados de ansiedade, tentam ser ignoradas ou anuladas por parte da criança ou jovem através da realização de uma compulsão. Estas compulsões caracterizam-se por comportamentos repetitivos ou atos mentais que têm como objetivo reduzir o mal-estar sentido ou prevenir algum acontecimento ou situação temidos.
No caso das crianças e adolescentes nem sempre é fácil identificar a presença de sintomas característicos desta perturbação. Relativamente aos adolescentes existe, frequentemente, a tentativa de mascarar os sintomas que podem despoletar sentimentos de culpa e vergonha pela sensação de que se é diferente. Por outro lado, algumas crianças ou jovens encaram a presença dos pensamentos e necessidade de realizar rituais como parte do seu funcionamento.
O pedido de ajuda ocorre, frequentemente, quando os sintomas se tornam mais evidentes ou pela existência de problemas secundários que surgem devido ao impacto das suas obsessões/compulsões sobre o funcionamento diário. Neste sentido, é comum a queixa inicial ser a presença de sensações fisiológicas ou alterações comportamentais associadas à presença de ansiedade.
A POC resume-se a uma dúvida constante sobre tudo o que se viveu, vive e vai viver. É comum encontrarmos jovens que questionam a sua identidade, que já duvidam da existência dos seus sintomas, do que dizem e do que fazem. Esta dúvida patológica repetida conduz, frequentemente, a uma sensação de vazio e alguns jovens mencionam sentir uma tristeza profunda sem qualquer motivo aparente.
Por vezes os sinais de alerta podem passar despercebidos pelo facto de aparentemente não se relacionarem entre si e, por isso, existem alguns que podemos estar atentos. Se ficou curioso em saber quais, percorra a galeria para ficar a par.