O jovem grupo Orange Buzz Band formou-se aos poucos e está a dar os primeiros passos na música. No entanto, já dão concertos e contam com o apoio dos fãs e daqueles que os acompanham. São quatro elementos: Chico, vocalista e guitarrista, 24 anos, Alca, baterista e back vocals, 22, Gonçalo, baixista, 23, e António Cid, guitarrista solo e back vocals. Só Chico é que é natural de Lisboa, os três restantes são nascidos e criados em Setúbal. A New in Setúbal falou com os Orange Buzz Band para perceber como surgiu a banda setubalense, quais são os seus principais projetos e aspirações. Acompanhe tudo no Instagram, onde partilham as novidades, excertos de concertos, o percurso e o progresso rumo ao sucesso.
Como é que começaram o projeto e onde se conheceram?
Chico: Eu conheci primeiro o Gonçalo. Andávamos na mesma Escola de Artes, em Lisboa, e eu já tinha, mais ou menos, o projeto a andar com duas músicas, mas era num formato a solo. Foi tudo por acaso. O Gonçalo começou a falar comigo porque me viu com a guitarra e eu ia dar um concerto final de curso no Music Box e precisava de um baixista e de um baterista. Como ele me disse que era baixista, fui ter com ele ao bar da escola e perguntei-lhe: ‘Queres vir tocar comigo no Music Box?’, ele disse logo que sim, sem pestanejar, e logo a seguir perguntei-lhe se ele conseguia arranjar um baterista e ele voltou a responder que sim (o Alca). Estávamos em junho de 2022. Conhecemos o Cid mais tarde, na passagem desse ano. O Cid veio colmatar a necessidade de fazer os solos com a guitarra. Na altura sentíamos um vazio nesse ponto.
Cid: Foi na Passagem de Ano sim, encontrámo-nos no estúdio e eles disseram-me que precisavam de um guitarrista para tocar ao vivo e o primeiro ensaio correu tão bem que depois eles convidaram-me para fazer parte e para também colocar o meu cunho no estúdio e fiquei contente com todas as propostas, disse logo que sim. Tem sido uma experiência espetacular.
Alca: O Gonçalo falou-me do Chico e que ele precisava de um baterista para tocar no Music Box, que é um sítio fantástico, e eu não ia dizer que não. Ainda por cima tocam blues, eu disse logo ‘vamos’. Instantaneamente tivemos três ensaios e fomos lá tocar, foi fantástico. Depois de estarmos os quatro juntos, a partir daí foi só dar concertos.
Como escolheram este nome?
Chico: O nome foi uma batalha um bocado difícil, porque o Buzz vem de um filme que se chama “The Moust Famous”, uma produção sobre rock. Numa das partes, uma das personagens está a explicar o que é o rock & roll e ele diz que “rock & roll é quem eu sou por isso não quero saber da tua opinião”, é aquela sensação de quando alguém percebe qualquer coisa da tua música e depois outra personagem diz que essa sensação é o “Buzz”, então ficou o buzz. Primeiro era The Buzz, mas já existia uma banda com esse nome, depois era The Buzz Band, que também já existia. Na altura da escola, eu estava a ver amplificadores da Orange e o orange (laranja) é uma cor psicadélica e por isso ficou Orange Buzz, mas já existia também. Então tivemos finalmente de optar pelo nome Orange Buzz Band.
Encaram a música como um hobbie ou querem que seja mesmo a vossa profissão?
Cid: Quero fazer disto a minha vida. E não só. Existem outras áreas que fazem parte desta atividade como o marketing e edição de vídeos e eu estou cá para ajudar em tudo. O meu curso é de Marketing e depois tirei Gestão e acho que são tudo competências que posso aplicar aqui. Marketing, edição de vídeos, networking com estilistas e tudo o que envolve a banda. Também estou cá para trazer melhorias para a mesa e desde que estou aqui a experiência tem sido fantástica e com uma química espetacular. Comecei por me apaixonar pela guitarra aos 12 anos na escola quando um amigo meu trouxe a sua e aprendi logo algumas músicas extremamente rápido e facilmente. A partir desse momento, nunca parei de treinar e de aprofundar os meus conhecimentos nem de explorar música e tocar novas estilos. No entanto, os cursos que tirei são bastantes úteis para nos fazer evoluir no meio da música porque é uma indústria que se baseia bastante em marketing e a gestão de um negócio próprio. Além desta banda, tenho o meu projeto de música a solo como o nome CidSeed, com um estilo musical mais mainstream baseado em hip-hop e R&B.
Alca: Eles os dois estão a estudar música (Chico e Gonçalo), eu também vou começar a estudar, o Cid faz música desde sempre. Penso que seja mesmo para ser. Está destinado. Não me vejo a fazer outra coisa. Comecei a tocar bateria aos 11 anos, numa Escola de Música em Setúbal. Criei logo a minha primeira banda nessa altura e, mais tarde, na mesma escola, aprendi guitarra e piano. Entretanto, a escola fechou quando tinha 14 e aos 16 fui convidado pelo Gonçalo para fazer parte de um projeto que acabou por se tornar na minha primeira banda criada fora da Escola de Música. Desde então, nunca parei e não tenciono fazê-lo.
Chico: Descobri uma paixão pela música bastante cedo. Quando era miúdo sempre que ouvia música imaginava-me a tocar e a cantar as músicas no palco, em frente à minha escola. Demorei muito tempo a perceber que era isto que queria fazer. Os meus pais diziam-me que o talento para cantar ou nascia connosco ou simplesmente não se tinha. No liceu, com 16 anos, cheguei mesmo à conclusão que era isto que queria fazer e inscrevi-me em aulas de guitarra. Comprei um curso de canto online que fazia às escondidas e comecei a escrever músicas. A seguir ao liceu, estive um semestre em Geologia, mas odiei. Depois fui para Comunicação Social e terminei o curso. No fim, fui tirar Produção Musical na ETIC e também já acabei. Agora, vou tirar um curso de cabeleireiro para não me fazerem ir trabalhar.
Gonçalo: Comecei a tocar com 15 anos, só tive um ano de aulas e continuei como autodidata. Andei muito tempo a tocar com bandas locais de Setúbal até ir estudar para Lisboa.
O que vos define enquanto banda?
Orange Buzz Band (OBB): Cada um de nós nos vê de forma ligeiramente diferente. O Alca diz que somos uma banda de blues, o Chico diz sempre rock. No fundo somos uma banda de rock’n roll com influências de blues, soul, folk e até mesmo punk e funk. Acho que nos definimos com o espírito do rock, que basicamente diz que somos quem somos, fazemos a música que queremos, quer venda quer não, quer as massas gostem ou não.
Qual é o vosso estilo musical?
OBB: Rock, blues e folk principalmente. Adotámos desde cedo a vibe dos anos 60 e 70, inspirados principalmente por grupos como os Beatles, Led Zeppelin, Stones, The Doors e, claro, Hendrix. Achamos que se vão notar bastante estas influências no nosso primeiro trabalho.
Falem um pouco dos projetos atuais. Em que é que estão a trabalhar neste momento?
OBB: Há bastante tempo que estamos a trabalhar no nosso primeiro LP de originais chamado “Electric Kiss” e o processo está bastante demorado. As músicas foram aparecendo ao longo do ano passado e deste, algumas com mais facilidade que outras. Estamos muito satisfeitos com as músicas em que estamos a trabalhar. Estamos a trabalhar com o Eduardo Vinhas e João Gomes que são quem está a produzir os nossos álbuns.
Em que é que se inspiram para escrever?
Um bocadinho de tudo. É sempre fácil escrever uma música de amor e nós aproveitamos essa inspiração para fazer algo bom. Mas tentamos também ser uma banda que diz algo mais e que conta a nossa visão do mundo que nos rodeia, por isso temos também músicas sobre a atualidade. Temos uma música sobre a guerra na Ucrânia e outra sobre a brutalidade policial nos Estados Unidos da América. Quando as músicas saem e geralmente a música sabe a direção em que quer ser levada, não vale a pena contrariar. Tudo pode dar uma história se a inspiração deixar, ou seja, a confiança é a melhor amiga da inspiração.
Como encaram o panorama dos artistas locais atualmente? E em Setúbal?
OBB: Diariamente conhecemos novos artistas e cada vez mais sentimos que o meio musical em Portugal está a crescer da parte dos artistas. No entanto sentimos a falta de apoio de espaços e de outras entidades por sermos uma banda relativamente recente e sem nada lançado, especialmente monetário. Em Setúbal, sendo uma banda da zona, sentimos que nos últimos meses a atividade noturna em relação a bandas ao vivo tem estado a crescer, pequenas organizações como a “Party with MARS” estão a tornar Setúbal mais enérgico, falta alguma vida, mas não faltam artistas, especialmente talentosos e com vontade de trabalhar e crescer. Setúbal é uma cidade de arte e de expressão, sempre foi e há de ser e cada vez mais queremos trabalhar para tal.
Tem sido desafiante?
OBB: Mais ou menos. Temos tido muita sorte. Em primeiro lugar porque temos tido sempre concertos, em segundo porque a resposta que as pessoas nos dão tem sido estrondosa. As pessoas relacionam-se muito com a energia que nós transmitimos em palco. Às vezes temos divergências criativas, ficamos frustrados, cansados, mas nada que não tenhamos ultrapassado facilmente na nossa opinião. Iremos ter concertos dias 3, 22 e 27 de junho e dia 21 de outubro. Estes são os concertos que estão marcados atualmente, entretanto irão ser marcados muitos mais.
Quais são os vossos originais?
OBB: Temos dez músicas agora — “Babe (hit me with my car)”, “Hardly Lovin’ me”, “She’s Calling me back home”, “I’m a liar”, “Native son”, “Johnny’s blues”, “Better day”, “I’m in love with her”, “Chasing the feeling” e “Song for a friend of long ago”.
Para quando o álbum?
OBB: Está complicado. O processo está a atrasar-se muito, portanto já nem nos queremos comprometer com uma data. Se tudo correr bem, o álbum sai no fim do verão.
Como tem sido o percurso até aqui?
OBB: Incrível. Cansativo, mas incrível. Três semanas depois de tocarmos a primeira vez juntos tivemos um concerto na Music Box em Lisboa, não podia ter sido um melhor começo. Temos trabalhado com pessoas incríveis e dado concertos mais incríveis ainda, tentamos sempre elevar um pouco mais a fasquia porque também não gostamos de sentir que estamos só em palco a tocar músicas, queremos dar uma experiência e parte de nós ao público. Cada vez temos mais vontade de criar juntos e tocar sem parar. A nossa vontade só tem aumentado e a criatividade também, daqui para a frente só vai melhorar.
Que projetos têm pensado para o futuro?
OBB: Continuar a escrever excelente música. Depois deste álbum, o seguinte. Mais música, mais rock.
Se não vivessem da música, o que fariam?
Gonçalo: Continuava a trabalhar full-time como operador de boom e pós-produção de áudio.
Chico: Nem gosto de pensar nisso. Provavelmente teria seguido rádio e televisão, com o objetivo de tentar ser o novo ‘palhaço do prime time’, estilo “Gato Fedorento”.
Cid: Sinceramente, continuarei a tentar até dar certo e receber frutos da música. Para garantir a minha independência financeira iria exercer trabalho na minha de área de Marketing e Pós-graduação, no entanto sempre com o objetivo de criar um futuro na música. Pois tal como descrevi antes, tenho um leque de habilidades que me permitirá um futuro viável na música.
Alca: Provavelmente continuaria a licenciatura em Engenharia Mecânica que estou a fazer e iria ter uma oficina de restauro ou algo do género. No entanto sempre senti que a arte mexia comigo de uma maneira diferente, certamente iria descobrir uma nova área dentro das artes onde me poderia expressar e ser criativo, porque na realidade é isso que faz transmitir a pessoa que sou, a música tornou-se esse meio de comunicação do qual não consigo pensar na minha vida sem tal.