O realizador setubalense António Aleixo foi um dos candidatos distinguidos na primeira edição das Bolsas de Criação Artística de Setúbal e o filme documental “Quis saber quem sou”, um dos três projetos selecionados, já tem data de estreia. O documentário de 22 minutos vai ser exibido no dia 30 de março, quarta-feira, às 21h30, no Cinema Charlot — Auditório Municipal.
A propósito da estreia, a New in Setúbal falou com o realizador António Aleixo sobre o novo projeto. “A ideia surgiu quando descobri uma ‘herança’ dos meus avós, que tinham 11 horas de Super 8 filmadas por eles”, começa por contar o realizador de 42 anos.
A descoberta desta “Caixa de Pandora”, como refere na sinopse do documentário, levantou toda uma questão sobre quem eram verdadeiramente os seus avós. “Havia coisas que não sabia, outras achava que sabia mas afinal não eram bem assim. Portanto foi um exercício de redescoberta, porque convivi com os meus avós até aos 20 anos”, explica António Aleixo.
Este documentário de génese catártica é uma viagem à descoberta de heranças e fragilidades de uma dinâmica familiar. Através de depoimentos e conversas com o pai e o tio, que aparecem no filme documental, o realizador foi à procura da raiz destes parentes. “O objetivo final é sempre descobrir-me a mim próprio através daquilo que descobri sobre os meus avós”, diz.
Como já tinha acontecido no documentário “Kids Sapiens Sapiens”, vencedor do Prémio Sophia na categoria de “Melhor Documentário em Curta-Metragem”, em que os filhos do realizador foram protagonistas, este novo projeto também conta com a participação de membros da família. “Acredito que quando fazemos filmes devemos falar sobre assuntos que conhecemos e com os quais estamos emocionalmente ligados. Acaba por ser natural que as histórias que nos são próximas sejam, para mim, alvo de um tratamento cinematográfico”, sublinha.
Mais do que os membros da família, o documentário conta com a música dos seus amigos Pedro Franco e João Mota, que formam o duo setubalense Um Corpo Estranho. “Conhecemo-nos desde os 15 anos e somos muito amigos. Já fiz muitos outros projetos com eles e é tudo muito natural entre nós”, sublinha.
O documentário é uma produção de GARAGEM e BONZI, com fotografia de João Bernardo Souza e música original de Um Corpo Estranho. Se, assim como o realizador, quiser descobrir mais sobre o passado dos avós de António Aleixo, proeminentes figuras da burguesia setubalense nas décadas de 60 e 70, o melhor é fazer a reserva através do email cinema.charlot@nullmun-setubal.pt. A entrada é gratuita.
António Aleixo sempre foi apaixonado por contar histórias e passou grande parte da infância a fazer banda desenhada e a construir legos. Na adolescência surgiu o interesse pela música e chegou mesmo a fazer parte de uma banda durante algum tempo. No que diz respeito ao cinema, diz que entrou para a área por “mero acaso”.
“Quando entrei para o ensino superior andava um bocado perdido. Fiz um ano de Design Gráfico, mas não me identifiquei. Tirei um ano sabático para descobrir o que queria fazer e pensei fazer um curso ligado ao som para me manter ligado à música. Na altura, só havia o de Som para Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema”, explica.
Foi nesta altura que se voltou a reaproximar de algo que gostava desde miúdo: contar histórias. Assim que acabou o curso, por volta dos 20 anos, começou a trabalhar na área. Primeiro em pós-produção de som, depois em pós-produção de imagens e, mais tarde, construiu uma carreira internacional como editor. Nos últimos anos da sua carreira tornou-se realizador a tempo inteiro.
