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Mafalda Louro é artista de rua, mas sonha “viver da música” e partilhar as suas canções

Desde pequena que a jovem setubalense está ligada à música. Atua muitas vezes na Praça do Bocage para mostrar o seu trabalho.
Mafalda tem 23 anos.

“Quem me dera”, da fadista Mariza, é um dos temas com mais significado para a setubalense Mafalda Louro, 23 anos, porque lhe traz à memória a sua avó. A jovem gosta de música desde sempre e é também conhecida por ser artista de rua.

Com o apoio dos pais, começou a ter aulas de Formação Musical e a aprender violino ainda em miúda. Mais tarde, durante as aulas de coro, descobriu o gosto pelo canto. Acabou por não dar continuidade ao violino e iniciou as aulas de canto lírico. Já no ensino secundário, seguiu a área de Línguas e Humanidades ao mesmo tempo que continuava os estudos de música no Conservatório Regional de Setúbal.

“Neste período, também comecei a aprender piano e guitarra para poder usar como instrumentos de acompanhamento. Quando acabei o liceu, fui estudar para Inglaterra, onde me licenciei em Teatro Musical, mas devido à pandemia, concluí os meus estudos em Portugal e decidi ficar por cá. Depois de regressar, comecei a escrever letras e a compor originais”, conta Mafalda à NiS, acrescentado que agora está a gravar as suas músicas com um produtor.

Ainda não consegue viver exclusivamente da música, mas é “um grande sonho”. Faz alguns eventos, canta em restaurantes e outros dias na rua. Admite ser “um processo longo, com alguns altos e baixos”, mas a resiliência é mais forte e até deixa a menção a Sebastião da Gama, o poeta da Arrábida: “Pelo sonho é que vamos”.

Se já passou principalmente pela Praça do Bocage — porque é o seu spot favorito para atuar “por ser um local bonito e emblemático, no centro da cidade, com muito movimento e variedade de público” — já a viu e se ouviu não ficou indiferente. Quando começou, em 2019, foi quase como um teste a si mesma. “Comecei a cantar na rua para perceber a reação do meu público. Esta experiência ajudou-me muito a desenvolver a minha presença e a perder a vergonha”, confessa.

Não tem um repertório específico para cantar, mas agora apresenta também as suas músicas originais. “O meu estilo musical gira principalmente em torno do pop, mas também canto música lírica e de musicais. Gosto de explorar diferentes géneros e estilos para enriquecer a minha expressão artística”, afirma.

Tem alguns singles gravados e outros ainda em fase de gravação, que serão lançados em breve. “O amor é a temática mais recorrente nos meus temas e quando escrevo procuro expressar o que sinto através de uma história. Também tenho como inspiração alguns artistas nacionais e internacionais, tais como a Nena, António Zambujo, Yebba e Taylor Swift”, acrescenta, não deixando de mencionar a dedicação que é necessária. “O processo criativo é desafiante e demorado, mas entrar num estúdio e trabalhar em conjunto para que a sonoridade e a mensagem transmitida sejam autênticas é recompensador”, frisa a artista.

Quanto à atuação em público nas ruas setubalenses, as reações são positivas, fator que a motiva a continuar. “É muito gratificante sentir que o público está a desfrutar da minha música e, muitas vezes, as pessoas páram para ouvir e até mesmo para elogiar o meu desempenho”. A vergonha foi um obstáculo fácil de ultrapassar e a confiança em si e no seu trabalho prevaleceu. “Acho que é algo que todos os artistas sentem em algum momento, especialmente quando se expõem em público e eu não sou exceção. No início, cantar em público era um desafio para mim, porque tinha receio do julgamento e de falhar. No entanto, com o tempo e a prática, aprendi a lidar com essa ansiedade e a ganhar confiança”, assume Mafalda.

“Penso que ficar conhecida como artista é um processo gradual”

Mafalda ainda se recorda que a primeira vez que cantou a solo, em público, foi na escola com 14 anos e a música escolhida foi “Empire State of Mind” da Alicia Keys. Ainda assim, depois desta construção progressiva de carreira musical, sabe que ainda terá de continuar a caminhar. “Não me considero ‘conhecida’, mas através das atuações, das redes sociais e do peso da ‘boca a boca’, tenho sido contactada para alguns eventos, o que é muito gratificante. Acho que ficar conhecida como artista é um processo gradual, que ainda estou a construir, mas com dedicação e consistência acaba por acontecer naturalmente”.

Antes das atuações, não tem nenhum ritual, mas costuma aquecer a voz e isolar-se para se conseguir focar. Sabemos também que com as músicas já se escutaram as mais lindas declarações de amor. Mafalda ainda não o fez, mas sabe a intensidade que teria um momento assim. “Ainda não tive a oportunidade de me declarar a alguém através da música, mas acredito que a música é uma forma poderosa de expressar emoções e sentimentos, e quem sabe, talvez um dia aconteça”.

Está claro o espaço que esta artista quer que a música ocupe na sua vida e também o que espera do futuro. “O meu sonho é viver da música, criar e partilhar as minhas canções com o mundo. Para o futuro, espero continuar a crescer como artista e alcançar um público cada vez maior. Quero lançar o meu trabalho original, gravar um álbum completo e fazer digressões para levar a minha música a diferentes lugares. Além disso, espero que a música me proporcione oportunidades de colaboração com outros músicos e artistas, bem como a participação em projetos emocionantes”, remata. Acompanhe todo o trabalho da jovem no seu Instagram e oiça os vários vídeos de covers partilhados.

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