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Já reabriu o Convento de Jesus, “uma verdadeira joia histórica” de Portugal

A terceira e última fase do projeto está concluída. O espaço municipal começou a receber visitas no dia 30 de novembro.
Já pode visitar.

É oficial: iniciada em fevereiro de 2022, a empreitada “Museu de Setúbal – Recuperação do Convento de Jesus – Alas Norte e Nascente” já terminou. Assim, estão concluídas, definitivamente, as obras de recuperação do histórico espaço setubalense. O momento de reabertura decorreu no dia 30 de novembro, sábado, com uma cerimónia nos claustros do Convento de Jesus.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou a “obra importante realizada pelo Município de Setúbal naquilo que é um grande símbolo da vida da cidade, mas também de Portugal”. Trata-se de uma “peça única”, em termos arquitetónicos “do mais bonito e do mais diferente que se fez em Portugal”, construída no final do século XV e início do XVI que tem o estilo Manuelino, “diferente de todo o estilo europeu”, e “depois tem o Renascimento”.

Marcelo Rebelo de Sousa recordou que ali “se instalou o primeiro mosteiro da Santa Coleta”, após pedido de “uma autorização papal” para “permitir às mulheres construírem um convento”, o primeiro das freiras Clarissas em Portugal, como informa o Município de Setúbal.

Já André Martins, presidente da Câmara Municipal de Setúbal, mostrou-se orgulhoso por todo o esforço, dedicação e empenho, que culminaram num espaço requalificado.

“Aqui e agora devolvemos, finalmente, ao nosso País e na íntegra uma verdadeira joia histórica e arquitetónica que esteve completamente abandonada por demasiados anos em resultado da incúria e da falta de visão de quem deixou este monumento chegar a inaceitável estado de degradação”.

O autarca fez ainda menção, no conjunto da empreitada, à requalificação do largo do convento, que é “verdadeira sala de visitas da cidade”. A reabilitação deste “edifício emblemático, classificado como Monumento de Interesse Nacional, representa um investimento global próximo dos dez milhões de euros”.

E acrescentou: “Este é um momento histórico verdadeiramente essencial, que simboliza a recuperação de um marco do nosso património, mas também a reafirmação de Setúbal como destino cultural de excelência”, notando que também foi feita uma “pormenorizada e qualificada musealização” de um espaço que passa a proporcionar “uma experiência completa e enriquecedora para todos os que visitam” o Museu de Setúbal.

Os trabalhos da terceira e última fase do projeto de requalificação alargaram a área expositiva do equipamento cultural, num investimento de 2.299 milhões de euros, mais IVA. As obras abrangeram salas expositivas, localizadas nas alas norte e nascente, que incluem os projetos de conservação e restauro, museografia e de iluminação museológica. O equipamento cultural reabre com novos recursos de acessibilidade e de multimédia, além do novo projeto museográfico e das mais de 500 obras de arte.

As três fases da empreitada

O projeto de requalificação do Museu de Setúbal/Convento de Jesus incluiu três fases de intervenção, representando um investimento global de perto de nove milhões de euros, com a autarquia setubalense, que conduz o processo ao assumir uma responsabilidade da competência da Administração Central, a suportar metade do valor. O restante é proveniente de fundos comunitários resultantes de candidaturas aprovadas pelo Lisboa 2020 – Programa Operacional Regional de Lisboa.

A primeira fase das obras, concluída em 2015, incidiu na “recuperação estrutural de todo o convento, com execução da cobertura e restauro da ala poente”, como explica a autaquia sadina. A ala nascente e duas outras salas foram também intervencionadas e “construiu-se um novo edifício para a área técnica do Museu de Setúbal”, tendo ainda sido “integralmente escorada a Sala do Coro Alto e Deambulatório”, por apresentar “sinais de degradação muito avançados”.

Assim, “a necessidade de centrar atenções na Sala do Coro Alto fez com que os trabalhos previstos na primeira empreitada não tenham sido concluídos no piso térreo”, por questões de segurança. Na segunda fase do projeto, concluída em outubro de 2020 — como a NiS contou na altura —, foi executada “toda a envolvente exterior do Convento, assim como o Deambulatório, a cafetaria, duas salas, a Sala da Roda e instalações sanitárias”. Nesse período, reabriam ainda a Sala do Capítulo, os Claustros e a Sala do Coro Alto.

No exterior, o Largo de Jesus, foi “totalmente renovado”, com a criação de “amplas zonas de relva e árvores, após uma intervenção que incluiu a recuperação e relocalização para a posição original do cruzeiro ali instalado”. O Convento de Jesus é uma das maiores relíquias do património setubalense. No entanto, o monumento nacional foi-se degradando nos últimos anos e estava a caminho das ruínas.

Um dos maiores monumentos de Setúbal nasceu de um amor proibido entre Justa Rodrigues Pereira, ama de leite do rei D. Manuel II, e o frade carmelita, D. João Manuel, de quem teve dois filhos. Arrependida por ter quebrado o voto, a freira decidiu edificar um convento neste local para as freiras franciscanas da Ordem de Santa Clara.

Em 1489, foi emitida uma bula papal que permitiu a construção do convento inaugurado dois anos depois. A fundadora teve o apoio do rei D. João II, que, em conjunto com o mestre Diogo Boitaca, decidiu o comprimento da Igreja, entre outros detalhes da construção.

Depois da extinção das ordens religiosas, o Convento passou para as mãos da Santa Casa da Misericórdia, que instalou o Hospital do Espírito Santo. Só em 1961 é instalado o Museu de Setúbal, que passa para a tutela do Município em 1980.

Carregue na galeria para conhecer o renovado Convento de Jesus. 

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