O ex-apresentador Gustavo Santos está novamente envolvido em polémica, desta vez por ter feito uma comparação entre quem decidiu não ser vacinado contra a Covid-19 e os judeus que morreram no Holocausto. “A malta que não tomou a vacina é o grupo de pessoas mais discriminado da história da humanidade. E os judeus que foram para a câmara de gás? Os judeus não tinham a família contra eles. Este tipo de pessoas tinha a família contra eles”, disse no podcast “Conversas de Elite” a 12 de janeiro.
Passadas umas semanas após a polémica comparação — que não passou despercebida nas redes sociais —, as locutoras do programa “Extremamente Desagradável”, da Rádio Renascença, decidiram colocar em destaque os comentários do apresentador que se transformou num guru da auto-ajuda.
“Gustavo Santos assumiu-se como simpatizante do Chega, surpreendendo um total de zero pessoas”, começou por dizer Joana Marques, antes de destacar o momento em que Gustavo Santos faz a controversa comparação. “Não me venham falar em judeus… Podiam estar ali alegremente, nas câmaras de gás, todos juntos em família, num alegre convívio, enquanto que alguns antivacinas tiveram de passar o Natal sozinhos num T3 em Alverca. Querem comparar o sofrimento de uns e de outros? Sejam sérios, pelo amor de Deus. Preferiam ser fuzilados juntamente com toda a vossa família, tudo na galhofa? Ou passarem o Natal sozinhos porque a vossa tia Lurdes queria-vos obrigar a fazer uma zaragatoa ou o tio António já não vos pode ouvir falar sobre as vacinas?”, ironizou a humorista..
Esta quinta-feira, 30 de janeiro, o apresentador e escritor reforçou a sua posição no Instagram. Depois de ter sido criticado pela comparação por um seguidor, respondeu apenas que “os judeus não tiveram os próprios familiares contra si”.
Não falou publicamente, porém, sobre o vídeo já viral de Joana Marques, Inês Lopes Gonçalves e Ana Galvão — que já se envolveram em várias polémicas no programa da rádio. Ainda esta semana, por exemplo, foram atacadas por vários brasileiros no X (antigo Twitter) após uma entrevista com a atriz Cláudia Raia transmitida a 22 de janeiro.
Durante o segmento “Desculpa, mas vais ter de perguntar…”, fizeram uma questão particularmente controversa: “As atrizes brasileiras são simpáticas ou são todas como a Luana Piovani?” De forma bastante politicamente correta, Cláudia respondeu que algumas são mais simpáticas do que outras. “Algumas mais, outras menos, mas não se pode ter tudo na vida. Mas o brasileiro é simpático, não é? Eu gosto da Luana. É uma pessoa polémica, sim, mas comigo é muito carinhosa.”
A rubrica do programa acabou com gargalhadas, mas nas redes sociais os fãs não ficaram contentes — e Luana Piovani já se manifestou. “Recebi várias mensagens atiçando-me para responder a um programa de rádio de umas tias abaixo da média, onde a dona Cláudia estava a divulgar a maternidade”, escreveu, no story do Instagram. “Estou ocupada com assunto sério.”
A atriz não se estendeu na resposta e parece já ter ultrapassado a brincadeira das locutoras. Teve, portanto, uma reação oposta daquela dos Anjos, referências regulares no “Extremamente Desagradável” e que estão oficialmente numa luta judicial contra Joana Marques desde o verão do ano passado devido a uma publicação da comediante no Instagram.
O caso remonta a 2022, mas apenas avançou para tribunal em junho de 2024. Na altura, partilhou um vídeo dos Anjos a cantarem “A Portuguesa”, a que foi acrescentada a reação negativa do painel que compunha o júri do programa “Ídolos”, do qual a humorista fazia parte.
No final da montagem é possível ouvir Tatanka (vocalista dos Black Mamba, outro dos jurados) afirmar: “Assassinar uma música destas, tive de mandar parar”. A descrição inclui apenas uma questão retórica: “Será que foi para isto que se fez o 25 de abril?”. Os músicos, através da sua empresa, Angel Minds – Gestão e Promoção de Espetáculos Lda, exigem uma indemnização de aproximadamente 1,2 milhões de euros.
Quando os cantores interpretaram o hino nacional — antes de uma prova do Moto GP, no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão — foram alvo de críticas e de acusações de terem “arruinado” a canção. Em resposta aos insultos, afirmaram ter enfrentado “problemas técnicos”, referindo uma interferência sonora que provocou uma ilusão fonética nas palavras, adiantou o “Notícias ao Minuto”.
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“É um processo que se encontra em tribunal, a sede apropriada para tratar destas situações. Lamentamos ter chegado a este ponto. É grave! Acredito que nos conhecem bem e sabem que não somos pessoas de vingança nem de discórdia. Contudo, foi algo que nos magoou muito, mexeu bastante connosco, assim como com a nossa equipa e as nossas famílias”, disse Nelson Rosado, um dos elementos, à “TV Mais”.
Os cantores enfatizaram que a questão não está relacionada com o programa “Extremamente Desagradável”, destacando que resultou da publicação nas redes sociais e teve “impacto altamente lesivo”. “É importante que as pessoas percebam, de uma vez por todas, que, com muita ou pouca visibilidade, no digital não podem escrever, dizer ou fazer tudo o que querem, nem magoar os outros. Isso é contra os nossos princípios, contra tudo aquilo que defendemos”, afirmou.
Antes de avançarem com o processo em junho, a dupla Anjos tentou obter um pedido de desculpas da humorista, mas sem sucesso, o que os levou a tomar essa decisão. “Fomos educados a respeitar o próximo. Somos pessoas de concórdia e não de discórdia. Não vivemos de escândalos nem queríamos que esta situação tivesse chegado a este ponto. Tentámos de tudo, tudo! Mas do outro lado encontrámos uma posição irredutível. Não tivemos outra alternativa“, conclui.
Outra protagonista regular do programa da Rádio Renascença é Rita Pereira. Farta, a atriz já comentou muitas vezes aquilo que foi dito sobre ela no “Extremamente Desagradável” e, em janeiro do ano passado, referiu que Joana Marques “descontextualiza” aquilo que realmente diz.
“Joana Marques, já tinha tantas saudades das tuas interpretações das minhas entrevistas. São sempre tão diferentes daquilo que eu realmente disse”, disse num desabafo partilhados nas histórias do Instagram. Garante, porém, que durante o tempo em que esteve no Brasil aprendeu a “não deixar passar” os comentários da humorista. “A minha agente não gosta que eu fale e está-me sempre a dizer para eu não te responder, mas desta vez eu vou falar.”
“Não posso deixar passar o facto de te dar jeito para ter graça que eu tenha dito coisas tão horríveis como ‘o Brasil é melhor do que Portugal’. Não disse isso. Nunca disse, pelo contrário. O que eu disse é que nós portugueses somos tão bons a fazer novelas quanto os brasileiros, só que os brasileiros têm mais dinheiro, ou seja, têm mais meios para chegar ao objetivo final”, concluiu.
Com humor à mistura, tal como já é habitual, Joana Marques respondeu: “Isto não é de agora. Eu sempre tive dificuldades a interpretar as palavras de grandes autores. Luís de Camões, Miguel Torga, Rita Pereira.”