Ao passar pela Rua do Concelho, em Setúbal é impossível ficar indiferente à Livraria Uni Verso, fundada em 1989. É a mais antiga da cidade e um ponto de paragem obrigatória para conhecer a cultura setubalense. São mais de 40 mil livros empilhados em equilíbrio, de editoras independentes, nacionais e internacionais, romance, poesia, ensaio, história, filosofia, esoterismo, monografias sobre a cidade, entre outros.
E é por entre as prateleiras, já gastas pelo tempo, que encontramos João Raposo. De conversa fácil e, sempre pronto a sugerir os melhores livros aos clientes, é o alfarrabista responsável pelo espaço e o mais antigo livreiro da cidade.
Tem 63 anos, nasceu em Lisboa mas está em Setúbal há mais de 30. Sempre gostou de livros e chegou a frequentar as casas de alfarrabistas mais famosas da capital. Trabalhou como motorista de táxi durante dez anos, mas o “bichinho de alfarrabista” falou mais alto. Investiu todo o dinheiro, que ganhou através da venda da sua coleção pessoal de livros, para fazer obras e abrir a Livraria Uni Verso, em Setúbal.
A primeira loja, inaugurada em 1989 foi no número quatro da Rua do Concelho. A 13 de fevereiro desse ano, abriu na mesma rua o novo espaço da livraria, que se mantém até hoje. De 1990 até 1995, a Uni Verso funcionou como casa de estudos dos ofícios de sapateiro e galeria de exposições.
“A livraria é um espaço de tertúlia informal, onde as pessoas podem conviver, pedir sugestões de livros sem a obrigatoriedade de comprar”, conta à New in Setúbal, João Raposo. O alfarrabista, que já tem vários livros publicados também trabalhou no “Jornal Setubalense”, onde escrevia uma página cultural chamada, “O Arco do Verbo”. O próximo livro, da autoria de João Raposo, uma antologia que reúne todas as obras de poesia editadas pelo alfarrabista e alguns inéditos será lançada em 2020.
João Raposo passa a maior parte do seu dia na livraria ou a ler. Aos fins de semana, aproveita para ir a Lisboa comprar livros a outros colegas alfarrabistas essencialmente exemplares únicos, de autores raros e primeiras edições.
O nome Uni Verso tem a ver com a junção dos conceitos de unidade e poesia. Da decoração do espaço, de 25 metros quadrados, destaca-se um grande painel de azulejo, feito pelo artista Luís Miguel Amaral alusivo aos Descobrimentos, Arrábida e História de Portugal, numa mistura entre o passado e o presente. O próprio logótipo também é uma caravela portuguesa e um livro, símbolo da abertura do nosso País ao mundo, na época das Descobertas.