A cultura tem sido dos setores mais afetados pela pandemia da Covid-19. A maioria das salas de espetáculos está fechada, milhares de eventos foram cancelados e os profissionais continuam com as suas vidas em “suspenso”, impedidos de trabalhar, e sem recursos económicos.
Por isso, atores, produtores, técnicos, cenógrafos, professores de expressão artística e cultural, aderecistas e assistentes de sala da região de Setúbal juntaram-se à “Vigília pela Arte e pela Cultura”, onde denunciaram a situação de precariedade em que vivem muitas pessoas do setor — e que o surto do novo coronavírus veio agravar.
No âmbito da iniciativa nacional que decorreu na passada sexta-feira, 22 de maio, em várias cidades do País, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, dirigiu uma carta aberta à ministra da Cultura, Graça Fonseca, em defesa da cultura e das artes.
O documento sublinha a “estranheza” da autarquia pelo facto de ficar a conhecer pela comunicação social as medidas anunciadas pelo Ministério da Cultura sobre a reabertura e funcionamento das salas de espetáculos e dos eventos ao ar livre em plena pandemia causada pela Covid-19.
“Esta estranheza resulta de terem sido anunciadas medidas publicamente sem ter havido nenhuma forma de contacto com os municípios. Não tivemos qualquer oportunidade de dar o nosso contributo para o enriquecimento e melhoria das medidas, já que as autarquias são as principais responsáveis pela gestão da grande maioria de salas de espetáculos do País”, afirmou Maria das Dores Meira.
O município de Setúbal referiu ainda num comunicado que manteve “os apoios financeiros às estruturas culturais com base em protocolos já estabelecidos, reagendou mais de 250 ações no sentido de evitar cancelamentos, e criou programas de apoio financeiro online e open call artísticos”.
Entre as reivindicações dos profissionais estão a criação do Estatuto do Profissional da Cultura como forma de garantir a proteção dos trabalhadores, a reformulação da lei do regime dos contratos de trabalho dos profissionais de espetáculo, e a criação de uma política cultural ajustada às necessidades atuais.
Em declarações aos jornalistas, Fernando Casaca, um dos membros da comissão organizadora da vigília alertou: “Há pessoas a receber 60 euros por mês da Segurança Social. Quem é que consegue subsistir apenas com este dinheiro? É impossível”.
Além da presidente do município, a ação contou com a presença de Pedro Pina, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal e vários profissionais do setor, entre eles Patrícia Paixão, Miguel Assis, Leonardo Silva e Fernanda Rodrigues.