Vivemos num mundo mais tolerante, mas onde a tolerância é perdida no meio da diferença. Aprendemos a ter paciência, mas só quando as situações que o exijam não interfiram na nossa vida. Estamos mais empáticos, só que nem sempre nos lembramos da importância desta palavra. E, no meio das atitudes das pessoas reais, crescemos com histórias de ficção que ilustram quem somos e como agimos.
Um dos exemplos mais icónicos de sempre é a história da personagem Quasimodo, que, para quem não conhece, vivia na Paris Medieval e, toda a vida, foi excluído da sociedade por ser diferente. Agora, pode ver ou recordar o conto “O Corcunda de Notre Dame” com um teatro musical na Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense, dia 30 de novembro, às 16 horas, interpretada pela GATEM — Espelho Mágico.
Nesta “versão para toda a família”, vai falar-se de “justiça, amizade e amor”. “Um espetáculo sobre a história de Quasimodo um personagem fisicamente “deformado” com uma alma encantadora, que vive isolado da sociedade até descobrir que existe um mundo diferente daquele que lhe proporcionou toda a sua vida enquanto sineiro no interior da Catedral de Notre Dame”, explica o promotor, Proeza Arrebatadora.
A promessa é a de um espetáculo com “muita cor e ação”, numa história que “promove a inclusão e mostra a reposição da justiça, a diferença entre o amor e a amizade, a empatia pelo próximo e o respeito por todas as pessoas. Nesta sociedade atual, em que cada vez é mais importante expor os mais novos às consequências que a intimidação a exclusão, o bullying e a xenofobia podem gerar”.
Nesta adaptação do romance de Vítor Hugo, conhecemos Quasimodo. “Embora bem recebido pelo vigário-geral da diocese local, cuja compaixão proporciona ao corcunda Quasimodo um teto para viver, a falta de liberdade que lhe é imposta torna-o recluso na sua própria casa. É nas suas conversas com as gárgulas, estátuas de pedra que apenas falam com ele quando está sozinho, que se vai debatendo com a vida que leva”, diz.
Tudo muda num dia específico em que Quasimodo foge na ausência de Frollo, o vilão da história que o prende na catedral. “Vai parar à feira onde decorre o Festival dos Bobos e acaba por entrar de forma inusitada — participa no concurso da cara mais feia e vence. É proclamado o rei do festival, mas também motivo de chacota e gozo pelo povo. Em sua defesa pela tamanha injustiça surge a esbelta Esmeralda, uma bela dançarina cigana integrante do festival”.
O enredo não termina aqui. “O clérigo Frollo descobre e fica irado por Esmeralda ajudar o desobediente Quasimodo e manda prendê-la. Felizmente ela consegue escapar e refugiar-se na Catedral de Notre Dame, onde é a vez de Quasimodo a ajudar – com o auxílio do corajoso capitão Febo, Esmeralda consegue escapar do cerco que estava montado à Catedral e a paixão nasce entre estes dois”.
O espetáculo destina-se a maiores de três anos e os bilhetes custam 12€. Podem ser adquiridos na bilheteira online. A GATEM surgiu em 1995, pelas mãos de Céu Campos, Ricardo Cardoso e Fernando Guerreiro que, entretanto, morreu. Na altura, os fundadores tinham dois programas de autor na rádio PAL, já extinta: “Arestas de Vento” e a produção infantil “Espelho Mágico”.
A essência da GATEM está em fazer “teatro para toda a família”, em formato de peças musicais, sempre com algo a “comunicar e transmitir”, de uma maneira “didática, lúdica, com muita fantasia e muita cor”. Fazem parte deste projeto com quase três décadas, no total, cerca de 20 elementos, tendo cerca de dez peças em cena.