Tiago Andrade Nunes, 31 anos, nasceu em Lisboa mas veio logo morar para Setúbal. Cresceu a ouvir fados desde miúdo e conviveu com grandes nomes da música nacional. Licenciado em Gestão Hoteleira, assume-se como escritor, compositor e intérprete com raízes no fado e uma das suas referências é o cantautor Zeca Afonso.
A sua primeira música “A Vida Passa”, lançada em outubro de 2019, é um dos temas da banda sonora da novela “Terra Brava” da SIC. A New in Setúbal entrevistou Tiago Andrade Nunes, que falou da sua amizade com Vitorino Salomé, das grandes tardes passadas na sua casa de fados, do novo livro apresentado em junho, na Casa da Baía de Setúbal e dos próximos projetos.
A paixão pela música e pelo fado começou desde cedo?
Penso que o interesse pelo fado foi despoletado pelo facto de ter nascido numa família com valores tradicionais. Os meus pais iam a casa de fados e ouvíamos muito em casa, mas também pelo convívio desde muito cedo com fadistas de renome nacional. Mais tarde, tive uma casa de fados durante cinco anos, a Taberna Saudade, em Lisboa, onde passaram grandes nomes do fado, atores da Globo e até o prémio Nobel da Paz, D. Ximenes Belo.
Quando conheceu o Vitorino Salomé?
Foi mesmo na minha casa de fados que conheci o Vitorino. Mostrei-lhe umas canções já compostas por mim que tinha guardadas e a partir daí começou uma grande amizade. Lembro-me que fazíamos grandes tardes de gaspacho e era ele que cozinhava. Mais tarde, em conversa surgiu a ideia de gravarmos uma música em conjunto, “A Vida Passa”.
Em que é que se inspirou para compor a letra da música “A Vida Passa”?
Sendo o mais novo de quatro irmãos e convivendo com pessoas mais velhas, tornei-me mais nostálgico. Nesse sentido, a letra reflete essa nostalgia que me é intrínseca e é a constatação de que a vida passa e não há tempo a perder. A mensagem é que devemos ser aquilo que realmente queremos ser e fazer o que nos dá prazer. Só temos uma oportunidade, que é a vida, e devemos aproveitá-la ao máximo.
Como surgiu o convite para a música integrar a banda sonora da novela “Terra Brava” da SIC?
Foi tudo muito natural. Fui contactado pela produtora da telenovela, a SP Televisão, que ficou interessada na música. Foi interessante, porque não tendo sido escrita para a novela, o tema de “A Vida Passa” acabou por se enquadrar muito bem na história, que fala de um regresso às origens e da importância da família.
Como correram as gravações do videoclip?
Correram muito bem. Tentei que o próprio videoclip, gravado na propriedade dos Vinhos Damasceno, em Palmela fosse muito familiar. Por isso, convidei grandes amigos, como o Orlando Jesus, uma lenda do boxe nacional dos anos 70, o Silvestre que faz de mimo, um antigo amigo da taberna, a atleta de natação Simone Fragoso, as minhas sobrinhas. No fundo todos eles são personagens que quiseram ser aquilo que são.
A música “A Vida Passa” foi o ponto de partida para o seu novo livro com o mesmo nome?
Sim. “A Vida Passa” é um livro com textos e reflexões sobre a vida. Os capítulos fazem referência a vários sentimentos, bons e menos bons, mas que são sempre vividos por intermédio da esperança. O livro da Edições Esgotadas conta com ilustrações do meu irmão, Pedro Andrade Nunes, e foi lançado em junho na Casa da Baía de Setúbal, com a presença do Nuno da Câmara Pereira, entre outros amigos. Já está à venda nas livrarias nacionais.
Que projetos tem para os próximos tempos?
Vou lançar um novo disco muito em breve, que já está em fase de produção e que vai contar com a música “A Vida Passa”.