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A nova comédia romântica de Eddie Murphy e Jonah Hill mistura raça, religião e amor

"Esta Gente" é a nova aposta da Netflix e junta no elenco nomes como David Duchovny e Julia Louis-Dreyfus.
Hill é também co-autor do argumento

Jonah Hill e Eddie Murphy. Julia Louis-Dreyfus e David Duchovny. É este o quarteto de luxo que encabeça o elenco do novo filme “Esta Gente”, a nova comédia romântica da Netflix que aposta no humor racial.

Hill, que assina o argumento do filme em co-autoria com Kenya Barris, autor de “Black-ish”, assume o papel de Ezra Cohen. Aos 35 anos, sonha com uma relação estável, com uma mulher que possa ser o amor da sua vida. Um encontro acidental coloca-o frente a frente com Amira Mohammed, uma jovem à procura de se libertar de uma relação.

Ele é um judeu branco, ela é uma muçulmana negra, mas apesar das diferenças, acabam por se apaixonar. Tudo se complica quando os dois querem dar o passo seguinte na relação — e as famílias acabam por se envolver.

Entre muita boa-vontade de todos, as diferenças culturais e religiosas começam a notar-se e a criar naturais clivagens exploradas pelo humor satírico de Hill e Barris. O elenco conta ainda com nomes como Lauren London, Nia Long, Sam Jay ou Travis Bennett.

Apesar de ser um projeto caro a Hill, o ator revelou previamente que não participaria nas ações de promoção de “Esta Gente”. “Não me verão por aí a promover este ou os meus futuros filmes. É um passo importante para me proteger a mim próprio”, revelou publicamente o ator, a braços com uma crise de saúde mental. O ator criou, de resto, um documentário sobre a sua luta ao lado do seu psicólogo, “Stutz”.

Quem não teve direito a Hill, teve direito a Murphy. O ator que tem participado em poucos projetos nos últimos anos regressa para uma “conversa sobre raça”. “A maioria das comédias românticas não tem esses elementos [das diferenças culturais e religiosas]. Não há essa tensão racial, as conversas constrangedoras”, refere em entrevista à “Coming Soon”.

“A conversação racial acontece e não poderia ter um timing melhor. Sobretudo com a tensão que existe hoje nos Estados Unidos. E esta comédia romântica achei simplesmente que era fixe, que queria fazer isto.” Sobre a escrita de Hill e a companhia que lhe fez nas cenas do filme, Murphy nota que é “um ótimo ator”, “super versátil”.

“Ele escreveu o argumento e a maioria dos atores não são propriamente ágeis a improvisar material. Decoram as coisas, mas não conseguem dispersar-se. O Jonah consegue. Ele começa a improvisar e leva a cena a um outro lugar, acompanha-te e leva-te a um outro nível.”

Para o realizador e co-autor Kenya Barris, o filme é uma “carta de amor a Los Angeles” que ele e Hill queriam fazer. “Somos ambos miúdos de Los Angeles e isso foi um dado adquirido desde que nos encontrámos pela primeira vez. Dissemos: ‘vamos fazer a carta de amor a Los Angeles que nunca ninguém fez’.”

O filme, que chegou à Netflix a 27 de janeiro, teve reações díspares. Se houve quem se desmanchasse em elogios — o crítico do “The Washington Post” descreveu-o como “uma lição sobre os temas que dividem a sociedade e a nossa humanidade, dada por comediantes que sabem que o riso é o melhor remédio” —, outros fizeram ataques ferozes a “Esta Gente”.

“Em espírito, é muito ‘Adivinha Quem Vem Para Jantar’ [filme de 1967 com Sidney Poitier e Katharine Hepburn]. Mas na execução, está mais próximo de ‘Sogros do Pior’ com uma dose pesada de política identitária”, nota o “The Telegraph”. “Durante a primeira meia hora, a Netflix parece ter um ótimo conceito em mãos. Faça pause e imagine o resto — não fará certamente pior do que o argumento de Hill e Barris no que toca à conclusão”, remata o crítico do “AV Club”.

Carregue na galeria para conhecer as séries que chegaram à televisão em janeiro.

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