cultura

A garota não: do Bairro 2 de Abril às canções de amores e desamores

A New in Setúbal falou com a cantora Cátia Oliveira sobre o mais recente álbum “Rua das Marimbas”.
Os bilhetes estão à venda online.

Cátia Oliveira, mais conhecida como A garota não, 35 anos, é um dos novos talentos setubalenses no panorama musical. Natural do Bairro 2 de Abril, em Setúbal onde viveu até aos 25 anos é a vocalista do projeto musical A garota não. Escreve as letras das canções, que procuram transmitir uma mensagem e não serem apenas um veículo de entretenimento.

A música está presente na sua vida desde miúda. A mãe gostava muito de cantar fado e era uma fã incondicional de Julio Iglesias. Já o pai sempre se esforçou por dar à filha uma educação baseada na cultura — cinema, música, literatura. Segundo explicou, sempre foi uma “Maria rapaz”: Cátia trocava uma tarde de brincadeiras na rua para ficar colada ao ecrã a ver os programas de tops internacionais americanos. “Lembro-me de estragar muitas cassetes da Whitney Houston ou Bee Gees do meu pai para me gravar por cima a cantar”, conta à New in Setúbal.

Chegou a aprender piano durante dois anos na Escola “A Lira”, na Praça do Brasil, mas foi a amiga Solange, que despertou a cantautora para a composição e aprendizagem da viola. Assume que a sua música tem “uma componente catártica de curar as dores de amor, perdas de familiares e amigos e de expurgar o que vai na alma”.

Para escrever inspira-se nas histórias do dia a dia e experiências pessoais. Por exemplo, um dos temas fala sobre recibos verdes, uma vez que Cátia trabalhou nesse regime laboral vários anos. “Considero que é uma falta de dignidade, que suspende a vida de qualquer jovem”, desabafa.   

O álbum de estreia “Rua das Marimbas” foi apresentado oficialmente no passado mês de abril, num concerto no Convento de São Paulo em Setúbal. Produzido pelo músico Sérgio Mendes (guitarra), antigo membro da banda portuguesa Hands on Approach e com o apoio de Diogo Sousa (bateria) inclui oito temas.

O design e conceção gráfica do projeto é da responsabilidade da artista Ana Polido. O álbum conta também com o apoio do coletivo setubalense GARAGEM, que produziu o videoclip do tema “Adamastor” e ainda de Pedro Nobre, Diogo Sousa, Fernando Molina, Ana du Carmo, entre outros.

O álbum já está disponível em várias plataformas digitais com destaque para o iTunes e Spotify. Se quiser comprar o CD pode encontrá-lo na Livraria Uni Verso, perto dos Paços do Concelho. Custa 10€. “No dia do teu casamento”, “A morte não sabe contar”, “Mundo do avesso”, “A canção”, “80. nada”, “Carta aberta a um amor ausente”, “Não choro mais” e “Adamastor” são as oito músicas que integram o CD. A canção “Monstro” foi acrescentada e só pode ouvi-la nas plataformas digitais.

Uma das músicas favoritas de Cátia é “A morte não sabe contar”, escrita em homenagem à sua mãe já falecida vítima de uma doença. “É um grito de revolta e sobretudo contra a negligência do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que muitas vezes trata as pessoas como um número”.

O nome A garota não surgiu naturalmente na cabeça de Cátia. A cantora integrou vários grupos de bossa nova e jazz. A dada altura fez um circuito em adegas, onde interpretava temas da música popular brasileira. Como uma das canções mais pedidas pelo público era exatamente “A Garota de Ipanema”, que Cátia “detesta cantar” ficou A garota não.  

MAIS HISTÓRIAS DE SETÚBAL

AGENDA