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Verdade ou rumor: estamos a assistir ao fim da máscara de pestanas?

A naturalidade está a levar ao desaparecimento de um dos produtos favoritos de muitas mulheres, mas estão a surgir alternativas.
Camila Morrone na Met Gala.

Abrir o kit de maquilhagem, tirar o tubo da máscara e passar lentamente nos cílios. Uma vez em cima, outra em baixo. Se tiver tempo, repete. Durante várias gerações, estes passos têm feito parte da rotina de milhares de pessoas, que recusam a sair-se de casa sem aplicar umas camas de preto nas pestanas.

Quando questionadas sobre o produto de beleza de que nunca abdicam, muitas mulheres, incluindo celebridades, respondem sem hesitar. Até podem não usar nenhum outro produto, mas o rímel (como é popularmente conhecido) transforma imediatamente o olhar, torna-o mais aberto e sedutor.

Se faz parte deste grupo de fiéis, a afirmação seguinte pode causar algum choque, mas — pausa para respirar fundo — “a máscara de pestanas morreu”. É esta a frase que tem surgido em destaque em várias publicações internacionais, como a revista “Allure”, e por especialistas que defendem a tendência.

“Estamos numa era de naturalidade e de autoaceitação, especialmente quando está envolvido o cuidado com a nossa saúde e com o nosso corpo”, defende a maquilhadora Bel Evelin, em conversa com a NiT. “É algo que está a acontecer porque, na minha opinião, as pessoas querem um olhar mais natural e mais bonito.”

Como tem sido habitual no mundo da beleza, o fenómeno começou nas redes sociais, mais precisamente no TikTok, onde a hashtag #nomascara já soma cerca 10 milhões de visualizações. Várias devotas do produto começaram a deixá-lo de lado para criar looks menos elaborados.

Uma das pioneiras foi a criadora de conteúdos norte-americana Haily Drew, conhecida por um visual que apelidou de “full glam, no mascara”. Ainda estávamos em dezembro de 2023 quando a jovem elencou as suas dicas para atingir o look num vídeo que já soma centenas de milhares de visualizações.

“Faça a sua maquilhagem de forma normal, talvez até com um olho fofo e cintilante. Sobrancelhas ousadas, cores complementares e, então, nada de máscara”, disse. “Sei que parece que está a faltar alguma coisa, mas, na verdade, é chique. É considerado alta moda.”

@haileydrewpolk

Full glam no mascara = model off duty chic #makeuptip

♬ original sound – HAILEY DREW

Naturalmente, a tendência tornou-se visível nas passarelas nacionais e internacionais. No início do ano, as modelos da Dior pisaram a passarela com os cílios limpos e, mais tarde, foi a vez da marca Cynthia Rowley apostar em sombras metálicas e delineador que ocupava toda a pálpebra, mas sem qualquer toque de máscara.

O fenómeno também se fez sentir em Portugal, em vários dos desfiles da ModaLisboa como das marcas Buzina ou da Duarte Hajime. Quer os visuais passassem por delineadores coloridos e sombras ousadas ou uma paleta em tons neutros, ou pêssego, não se deu destaque às pestanas.

Para a maquilhadora Bel Evelin, que admite não usar o produto no dia a dia, também se deve ao boom dos serviços de alongamento dos cílios, ao longo dos anos. Porém, “davam um ar mais carregado e artificial”, afirma. “As micropigmentações nas sobrancelhas também estão a desaparecer em prol de uma imagem mais clean.”

Existem alternativas?

Trata-se ainda de uma tendência que chama à atenção pela baixa manutenção. Passar à frente este passo na rotina significa não só menos trabalho e economização de tempo, como elimina a necessidade de remover a maquilhagem dos olhos ao final do dia, sobretudo se for mais sensível.

Esta é uma das principais vantagens para a editora de beleza Annie Blay, que percebeu o apelo do look sem máscara antes de virar tendência. “Um dia, percebi que tiravam o brilho dos meus olhos”, confessa à “Allure”. “Cansei-me de ter que os esfregar profusamente enquanto tentava tirar o excesso dos meus cílios após uma saída à noite.”

As mais recentes campanhas de Hailey Bieber, o visual de Kylie Jenner na última cerimónia dos Grammys ou até a atriz Florence Pugh, durante a digressão mundial para promover o filme “Dune” são apenas alguns dos exemplos de personalidades conhecidas que aderiram à tendência.

Apesar de muitas adeptas do estilo procurarem alternativas, o conceito encaixa-se num movimento mais abrangente que defende a naturalidade. Vemos cada vez mais beauty lovers a rejeitar cosméticos em excesso, deixando de lado o corretor de olheiras ou substituindo os lábios vermelho por batons em cores nude.

“Percebo que há outras ferramentas ou truques de maquilhagem que estão a ser usados para substituir”, acrescenta. É o caso de lápis coloridos, sobretudo em tons castanhos, “porque também chamam à atenção para o olhar de forma natural”.

Para quem ainda não está convencida de que o rosto pode ficar completo sem este detalhe, também podem ser a transição ao adotar opções coloridas para manter o aspeto cuidado, mas com a maquilhagem menos visível.

Algumas opções, como o castanho, mais uma vez, até ajudam as mulheres a parecer mais novas. O segredo, garantem os especialistas, está no facto de ser um tom mais suave e que, por isso, não contrasta tanto com a pele que vai perdendo pigmento e intensidade de cor ao longo dos anos.

“Se antes usar máscara surgia quase como uma obrigação, e as pessoas achavam que tinham de passar sempre alguma coisa, agora sabem que não têm de aplicar nada”, conclui Bel. Que o digam os melhores de pessoas que começam a refletir sobre outras necessidades de beleza diária.

Carregue na galeria para os conhecer uma seleção da NiT de produtos à prova de água como bases, máscaras de pestanas e batons a partir dos 3€.

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