Hellmano é o mais recente produto setubalense. Criado por quem? Não sabemos. E é assim que os responsáveis querem que continue. O objetivo é mesmo esse — que o protagonista seja Bocage porque tudo o que idealizaram gira à volta dele e também da icónica Luísa Todi. A marca foi criada em junho, mas a ideia já morava na cabeça destes dois empresários há muito tempo.
Desde as T-shirts às tote bags, lêem-se frases do poeta sadino ou veem-se, ilustradas e criativamente alteradas com design feito 100 por cento pelos criadores do Hellmano, as figuras de Bocage e de Luísa Todi. A New in Setúbal falou com os empreendedores e conta-lhe qual é o objetivo destas homenagens às duas figuras que dão simbolismo e essência à cultura setubalense.
Sabemos quem é Bocage e Luísa Todi, mas quem está por detrás da marca?
Por enquanto e o mais provável é não mudarmos de ideias, não vamos sair detrás das cortinas. Queremos ter todos os holofotes virados para o Hellmano. Para a sua essência e para os produtos. Podemos adiantar que quem está por detrás é natural e residente em Setúbal, frequentou o Instituto Politécnico de Setúbal e, quanto à idade, ronda os 30 anos.
Contem, pelo menos, o que fizeram até aos dias de hoje.
Tivemos um percurso regular, de jovens que ambicionam crescer, tornar-se independentes, terem os seus negócios e espírito de empreendedorismo, que, no entanto, em Portugal é difícil aplicar.
O que é um “percurso regular”?
Com percurso regular queremos dizer isto: de estudantes passaram a trabalhadores por conta de outrem e depois disso desejam que o Hellmano espelhe tanta poesia que possam trabalhar por conta própria com ajuda da marca e dos conhecimentos que foram adquirindo nas suas experiências académicas e profissionais, por onde passaram antes deste projeto. Todos nós, os elementos, trabalhamos em empresas, em Lisboa. A marca foi criada há cerca de um mês e lançámos a primeira T-shirt no dia 1 de junho. As ideias, no entanto, já fervilhavam há muito.
Pode ser quase uma pergunta retórica, mas porquê Bocage?
Bocage é uma figura conhecida, principalmente em Setúbal, como é natural. No entanto, esse conhecimento oscila sempre entre um conhecimento especializado — alguém muito entendido, dentro das áreas das letras ou com um gosto particular por poesia nacional, o que constatamos no dia a dia serem poucas pessoas, e um conhecimento popular bastante superficial, e generalizado, que fica muito agarrado à faceta mais satírica das piadas e da “malandrice” do poeta.
Para vocês, não é “tão pouco” …
A obra e o pensamento de Bocage vão muito além disso. Sentimos que esta era uma boa forma de conseguir despertar curiosidade para que os setubalenses mergulhem mais no legado da figura maior da sua cidade. Uma maneira de levar a poesia Portugal fora, mas de forma leve, sem livros e obrigações. Pode ser que sim… através deste mote de vestir cultura setubalense, de ostentar um orgulho em dizer “eu sou de Setúbal, cidade onde nasceu Bocage”.
E a nossa icónica cantora lírica?
A ideia de homenagear Luísa Todi acaba por seguir uma linha de pensamento e um processo muito semelhante. A cantora dá nome a muitas coisas na nossa cidade, mas não é tão popular como Bocage. Tem vindo a tornar-se um “dado adquirido”. Aparece o nome, como se fosse apenas um nome conhecido. Só se dá nota de um pouco mais sobre a nossa “Cantora de Todas as Centúrias” se se organizarem eventos específicos para tal. Neste sentido, acreditámos que também seria uma boa forma de a fazer deixar de ser apenas um nome que se dá a ruas e edifícios, para um nome que inspire e que conscientemente saibamos que elevou a fasquia da nossa cidade, através da música, uma outra forma de expressão de arte.
Além do legado artístico destas figuras setubalenses, de onde vem a inspiração para as peças?
“Setúbal” é a palavra. A cidade sadina é possivelmente das cidades com mais mística e cultura própria do País. É uma cidade de tradições, de pessoas, de vivências. Ser setubalense é muito diferente de ser de outra zona qualquer e por isso, nada melhor do que uma marca que respire Setúbal.
Bocage é Elmano, mas “Hellmano” foi uma versão inspirada nesse nome, certo?
Não queríamos de todo usurpar a alcunha original de Bocage, até porque somos meros servidores. Por isso, optámos por aquilo que considerámos ser uma adaptação mais contemporânea. “Hell” em vez de “El” surgiu por graça, juntando aqui uma mística de inferno e poesia ou poesia infernal. Não é por acaso que um dos emojis que fazem parte da identidade da marca é o coração em chamas, juntamente do coração roxo, cor da cidade.
Têm algum poema favorito?
Temos vários, mas podemos sugerir um aos leitores que já podem vestir através do Hellmano. Chama-se a “Razão dominada pela Formosura”.
Fazem tudo sozinhos ou têm apoio?
Não temos nenhum apoio nem parceria formal estabelecida. Começámos agora e acreditamos que esses apoios chegarão. De momento, todos os que nos ajudam a divulgar o Hellmano, seja através de seguirem a página, lerem e/ou partilharem esta entrevista ou que estejam prontos para ostentar Bocage e Luísa Todi no seu dia a dia, são os nossos melhores apoios e parcerias — e serão sempre. Só com a ajuda das pessoas é que o projeto Hellmano vai resultar e os nomes que queremos homenagear assim o serão.
Quais os produtos disponíveis neste momento?
Por enquanto temos as T-shirts “Inferno”, “Razão”, “Natureza”, “Hellmana Todi”, “Hellmano” e “Bocage Pixel”, mas deverão sair mais durante o verão. Alguns dos designs também estão disponíveis em tote bags e, em breve, apresentaremos também a nossa linha de canecas. As T-shirts são em algodão e as que saíram mais até agora foram na versão branca. Os preços variam entre os 12€ e os 18€. Podem contactar-nos através da nossa página no Instagram ou pelo email hellmano@nullsapo.pt para encomendar.
Quais são as vossas expectativas para o futuro?
O futuro é sempre uma incógnita e não criámos o Hellmano com kpi’s muito definidos, que nos façam cair uma gota da testa se percebermos que não vai acontecer. É suposto que este seja um projeto bonito, para toda a gente. A expectativa é que cada vez mais setubalenses desfrutem desta ideia e dos produtos, como nós desfrutamos de imaginá-la e criá-la. O melhor que podia acontecer era andarmos a passear à beira do Sado e reparar que as peças estão a ser exibidas pela população. Mais ainda, esperamos que Setúbal saia de Setúbal e as encomendas cresçam por todo o território português.
É um projeto digital, mas se pudessem escolher um sítio icónico de Setúbal para vender os produtos, qual seria?
Com os modelos de negócio online tão otimizados e implementados na sociedade atual, principalmente por conta da pandemia que passámos, só pensámos na vertente digital. Dizermos a Praça do Bocage ia ser demasiado óbvio, certo? Algum local tipicamente setubalense, com visibilidade para que, reforçamos, as pessoas levem Setúbal consigo e além-fronteiras, far-nos-ia felizes. Não há um local mais certo que outro, apenas um que permitisse esta dinâmica. Se as nossas expectativas se cumprirem, gostaríamos muito de estar presentes em eventos da cidade como feiras, mercados, fazer parcerias com lojas físicas já existentes, para que nos encontrem assim, também, à venda em vários pontos. Vamos ver se o futuro nos sorri o suficiente.
Carregue na galeria e conheça as peças que pode encomendar.