compras

Capuloza: a moda africana chegou a Azeitão com mais de 70 padrões coloridos

A marca nasceu a 21 de junho. Além de comprar as capulanas, pode encomendar peças personalizadas.
É muito conhecido em todo o mundo.

Ninguém fica indiferente quando vê o pedaço de tecido colorido, a capulana, tipicamente africana. É utilizado para forrar objetos de decoração, mas sobretudo como veste do povo daquele país. Para quem não sabe, há uma história por detrás da sua origem. Inicialmente apareceu no continente asiático e só no século XII é que chegou a África, mais concretamente a Moçambique.

Na altura, segundo o site Conexão Lusófona, o tecido surgiu devido às trocas comerciais entre os árabes persas e os povos que viviam no litoral de África, que estrearam a peça. A capulana servia, inicialmente, como moeda de troca e só a realeza é que a vestia. Ou seja, quando apareceu, representava poder. Como o passar dos anos, o tecido ganhou importância e relevância, sendo usado atualmente pelas mulheres africanas no dia a dia e em ocasiões especiais.

O significado vai, no entanto, para além da moda. É usado para carregarem os filhos às costas e, para as mulheres africanas, cada pedaço de tecido conta uma história. Outra curiosidade é que, na zona norte de Moçambique, o modo como é amarrado, dita o estado civil. Cada vez mais tendência também na moda masculina, pode ainda ser transformado em toalha, cortina e até pano de mesa. São todas estas opções, e muitas mais, que vai encontrar na nova loja de Azeitão, aberta desde o dia 21 de junho, e que vende capulanas: a Capuloza.

O proprietário, Mário Tomé, 67 anos, natural de Vieira de Leiria, é gerente de uma empresa com projetos e negócios em Moçambique. As primeiras peças de capulana que lhe chamaram a atenção foram os vestidos usados pelas damas de honor de uma noiva, numa cerimónia no Palácio dos Casamentos, em Maputo. “A alegria, cor e ritmo que faziam transparecer com aquelas vestes, eram de uma beleza contagiante”, diz o empreendedor à NiS.

Com formação e atividade no campo da engenharia há mais de 40 anos, manteve sempre uma ligação e cooperação em iniciativas culturais, tendo inclusivamente escrito e editado alguns romances e contos. Estudou no Externato Afonso Lopes Vieira, tendo posteriormente frequentado o Liceu Nacional de Leiria e o Instituo Superior Técnico em Lisboa.

Neto e filho de carpinteiros, divide-se entre Portugal e Moçambique. A primeira obra que escreveu foi “Fiapos”, em 2016, o thriller que fala sobre o rapto de jovens em África. Em 2019, publica “Na pele do cão”, uma obra infanto-juvenil, dedicado ao seu primeiro neto, Martim. Em 2020, surge “Pontas Soltas”, em que faz renascer personagens do primeiro romance para abordar o tema dos refugiados. O livro “Contos da Flor da Pele” foi lançado em 2021 e trata-se de um conjunto de histórias que o autor foi escrevendo ao longo dos anos.

O projeto Capuloza teve como base a sua vivência na cultura africana, desde 2013. “A observação da utilização da capulana no quotidiano do povo moçambicano, seja no vestuário diário ou informal, na decoração de casas, eventos, acessórios de utilização pessoal, malas, bolsas, deu ideias para a sua divulgação para além daquele país, e transportar essa realidade cultural para Portugal. A beleza, alegria e potenciais contidos nesta forma de tecer e usar estes panos foi contagiante e mereceu o apoio e entusiasmo de familiares e amigos”, explica Mário.

Mais do que um negócio retalhista de venda de peças de tecido, o conceito da Capuloza “pretende ser um meio de divulgação de uma arte de vestir e usar a capulana nas suas mais variadas vertentes, desafiando pintores, artistas e estilistas moçambicanos a desenhar, pintar e criar modelos com base nestas peças”. Além disso, o objetivo passa por “apoiar sustentavelmente algumas atividades naquele país”.

Apesar de ser algo recente, a marca já foi convidada a vestir uma noiva num evento em que o noivo era africano e todos os convidados acharam o trabalho “fantástico”. Organizaram também um workshop com duas senhoras moçambicanas que demonstraram como se “amarram”, vestem e envolvem os corpos com as peças de tradição africana, que “foi de um sucesso enorme durante o evento de inauguração”.

Desde a origem do tecido, até hoje, “houve então uma adaptação dos seus padrões aos elementos locais de fauna, flora e cores do ambiente. A matéria prima na sua tecelagem é o algodão e as tintas são obtidas a partir de plantas naturais indígenas”. Na Capuloza, pode comprar os tecidos, em vários tamanhos, ou personalizar os produtos que pretender, por padrão e medidas. Ou seja, é possível mandar fazer umas calças ou uma saia na loja.

Os preços variam consoante a escolha do serviço. Se quiser apenas a capulana, 100 por cento de algodão, com 1,80 por 1,15 metros, o valor é de 15€, enquanto umas calças, personalizáveis, podem custar 67,5€. Há ainda opção de comprar produtos para decoração, acessórios, almofadas, tecido para forrar puffs e até coleiras de animais, além de outras opções de vestuário. Existem mais de 70 capulanas diferentes, com vários padrões, formas e cores vibrantes. Pode visitar a loja física, em Azeitão, ou encomendar através do site oficial.

Para o futuro, pretende criar as capulanas de autor, ou seja, ter tecidos feitos por artistas e pintores exclusivamente para a Capuloza, encontrando-se em curso um projeto de criação de modelos únicos de vestuário com base em capulana, com a colaboração de uma estilista. “A manufatura destas peças exclusivas será feita em Moçambique, onde se pretende implementar um curso de costura, para captação de jovens para a profissão de costureira, numa atividade continuada e sustentável”, conclui Mário. Em cima da mesa está ainda a organização de workshops sobre como vestir as capulanas e as diferentes formas de utilização.

Carregue na galeria para conhecer o espaço físico da nova loja de Azeitão.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Rua José Augusto Coelho, 99
    2925-114 Azeitão
  • HORÁRIO
  • De terça a sexta-feira, das 9h às 18h
  • Sábado, das 10h às 13h

MAIS HISTÓRIAS DE SETÚBAL

AGENDA