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A artista viral que transforma bouquets de noiva em “jóias eternas” com resina

Catarina Ah Chak preserva os arranjos e dá formações desta técnica. Trabalhou com o ramo de Rute de "Casados à Primeira Vista".
Aprendeu tudo sozinha.

Em 2021, Catarina Ah Chak trabalhava como croupier num casino e sentia-se cansada, sem tempo para si ou para a família. Quando foi obrigada a estar fechada em casa, devido à pandemia, as suas redes sociais foram invadidas por vídeos sobre artesanato com resina e, nesse momento, “algo mudou”, recorda à NiT.

“Passava os dias inteiros a ver conteúdos de outros artistas. Um dia, decidi comprar todas as coisas de que precisava e arriscar em algo completamente novo”, acrescenta a criativa, de 31 anos. Em janeiro desse ano, fez as primeiras peças na mesa da cozinha, ainda sem imaginar que se viria a tornar -se um trabalho a tempo inteiro.

Passados alguns meses, criou o Atelier 261, um espaço em Setúbal, dedicado ao artesanato em resina epóxi onde passou a explorar várias técnicas e criações. Porém, foi obrigada a parar duas vezes. Primeiro, com nascimento da primeira filha, devido à toxicidade do material, e, mais tarde, quando partiu o braço, ficando incapacitada de criar as peças.

Quando recuperou, nasceu o plano de transformar este hobby numa profissão. Atualmente, com mais de três anos de experiência, Catarina dedica-se sobretudo a ajudar noivos a eternizar o bouquet de casamento — uma peça que, antigamente, era descartada — ao transformá-lo “numa joia eterna” com resina epóxi.

“No início, só fazia porta-chaves, lembranças, marcadores de livros e outras coisas mais simples, mas que eram 100 por cento personalizáveis”, recorda. Seguiram-se pedidos de outro tipo de eternizações, como quadros de bebés, por exemplo, até que começou a encontrar o seu nicho no mercado.

O mercado da preservação de bouquets surgiu no final de 2023, quando percebeu que “praticamente não era explorado em Portugal”, diz. A primeira cliente surgiu em outubro desse ano e Catarina, que já tinha visto este tipo de trabalhos online, não hesitou. O resultado, contudo, “foi um fiasco”, confessa. “Chorei horrores e entrei em pânico.”

A partir daí, dedicou-se a perceber os principais desafios desta arte que “sabia apenas na teoria”, explica. “Aprendi muito por tentativa e erro”, sobretudo com o desafio de deixar as flores com o formato desejado e em conseguir que a estrutura que envolve o ramo fique transparente. “É importante ter um material de boa qualidade”, diz.

Este trabalho começa com o processo de desidratação das flores, que “têm de estar sem qualquer vestígio de humidade antes de passar para a resina” e este passo pode levar até um mês. Depois, segue-se a construção em camadas, com alguns bouquets a ficar em stand by enquanto Catarina avança com outros.

Atualmente, como o atelier não é muito grande, a criativa está a aceitar, no máximo, quatro preservações por semana. “Funciona por reservas, se a noiva se vai casar na primeira semana de agosto, vemos se existe vaga para essa data e é feito um sinal com 10 por cento do valor.”

Uma das maiores dificuldades, para Catarina, tem a ver com a mistura “que forma muitas bolhas”, sendo que a etapa mais importante é evitar essa textura. A artista foi obrigada a aprender várias lições, entre elas que nem toda a resina serve para tudo, que a temperatura pode destruir uma peça e que “a paciência faz toda a diferença no acabamento”, sendo que “a mistura errada pode deitar tudo a perder”.

“Todos os bouquets são muito importantes, porque é um dos dias mais emotivos na vida de um casal. A parte mais gira é que vai ser um objeto que atravessa gerações, que mais tarde pode ser usado para mostrar aos netos ou bisnetos da noiva, ficando ali eternizado”, acrescenta Catarina.

Há, porém, alguns desafios mais marcantes. Um deles foi a oportunidade de preservar o ramo usado pela tia, Rute Ah Chak, uma das participantes da mais recente edição do programa “Casados à Primeira Vista”, da SIC. Uma missão que a criativa assumiu “com todo o amor do mundo”. 

“Disse-lhe logo que o meu presente de casamento seria a preservação do seu bouquet, então dediquei-me logo a isso. Ainda por cima fui ao casamento e vivi esse momento, então tem uma parte mais sentimental”, diz. “Quando fazemos algo dedicado aos nossos, sinto que a pressão ainda é maior por haver mais medo do julgamento, mas no final corre tudo bem.”

@atelier265.pt

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Rute ainda não viu o trabalho pessoalmente, apenas as fotografias e os vídeos que Catarina tem partilhado nas redes sociais e que se tornaram virais, atingindo um novo público para a criadora. “Tem sido difícil por ainda estar em gravações, mas já agendámos um fim de semana para lhe entregar em mãos.”

Além de estar focada no mundo das noivas, Catarina dedica-se também a ensinar outras mulheres a empreender com artesanato em resina époxi. Consciente das dificuldades do material, lançou o primeiro curso em 2023, e em fevereiro deste ano estreou o Resina 360, o curso “mais completo” que já fez, composto por 80 aulas distribuídas por 18 módulos, e disponível online por 497€.

A par disso, continua a aceitar pedidos para outros trabalhos de preservação além dos bouquets, seja um presente ou uma eternização, “a não ser que esteja com muito trabalho.”

Um dos principais objetivos é precisamente ter um espaço maior e reunir uma equipa, para fazer com que o negócio seja o mais alargado possível. “Quero ser a maior autoridade no mundo da resina époxi em Portugal, sobretudo no mercado das noivas. E acredito que daqui a uns anos vai ser possível”, conclui.

Os pedidos de preservação de Catarina Ah Chak estão disponíveis online, sendo que os preços variam entre os 70€, no caso das peças mais simples, e podem chegar aos 490€.

Carregue na galeria para ver algumas das criações da artista.

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