Não demorou muito tempo até que a fama do açaí, produto natural da Amazónia e muito consumido no Brasil, se tornasse mundial e levasse todos à loucura. Das embalagens de 200 mililitros às bowls de um litro, a verdade é que, para João Ricardo, 64 anos, por muita oferta que existisse, havia sempre alguma coisa que não estava 100 por cento do seu agrado — a começar por não ser ele a montar o próprio copo.
Foi com este pensamento que nasceu um conceito “diferenciado” em Setúbal, como conta o brasileiro, natural do Rio de Janeiro. O Açaí Brasil foi inaugurado no dia 6 de setembro, em frente ao Jardim do Bonfim. Ali, é o cliente que escolhe todos os ingredientes — entre dezenas de opções — e é também ele que monta o copo da forma que quiser, com as misturas que desejar. No final, o preço depende do peso.
João licenciou-se em Educação Física, no Brasil, e foi essa a sua profissão até 1986, quando decidiu começar a investir no ramo empresarial, nomeadamente na área da alimentação, com uma cozinha industrial e fornecimento de géneros alimentícios. Passados 38 anos, começou a dedicar-se ao negócio do açaí. “Os brasileiros gostam muito deste fruto e os portugueses já aderiram. Sei que muitas pessoas pensam como eu e, quando olham para o copo de açaí, não está com as quantidades que desejávamos”, confessa à NiS.
Veio a Setúbal pela primeira vez em 1984, para visitar familiares, e achou-a uma cidade “muito parecida com o Rio de Janeiro”, além de ser “lindíssima”. Desde então, voltava de dois em dois anos — período que se foi encurtando até 2017, quando se mudou definitivamente, já reformado. Nos últimos anos, tem-se dedicado a jogar golfe e, na cidade sadina, “sente-se em segurança”.
Surgiu, entretanto, a ideia e a oportunidade de abrir o Açaí Brasil, e, assim, lançar em Setúbal o conceito da venda do fruto a granel. Rico em antioxidantes, fibras, gorduras saudáveis e aminoácidos, este é considerado um superalimento. O fruto típico da floresta tropical da Amazónia é, por lá, consumido diariamente. O nome vem do tupi-guarani, idioma dos povos indígenas da região e significa “fruto que chora”. Pode ser consumido de diversas formas, mas a mais comum é em polpa, à qual se podem juntar outros ingredientes, a gosto.
É precisamente isso que pode fazer no espaço do Açaí Brasil. Ali não há menu. Como o preço depende do peso, cada cliente é que decide a quantidade de ingredientes que coloca no copo, até chegar ao valor que quer gastar. Por isso, tanto pode comprar um copo de açaí por 2€, como por 10€. Há quatro tamanhos de copos disponíveis, e uma média de preço para cada quantidade: o de 250 mililitros (4,50€ a 5,50€), 300 mililitros (5,80€ a 6,90€), 500 mililitros (8,50€ a 10€) e um litro, que ultrapassa, regra geral, os 10€.
Os miúdos ficam loucos
Grande parte dos clientes de João são miúdos, que contam os trocos que têm no bolso e os usam frequentemente para comer açaí naquele spot. “Ficam muito satisfeitos. É claro que quero ter lucro, o meu preço é o melhor da cidade, mas nada paga o brilho nos olhos dos pequenos. E chegam de todos os sítios, desde o Viso ao Monte Belo”, diz.
A equipa da NiS passou no espaço para perceber como funciona esta ideia empreendedora. O primeiro conselho é escolher uma hora que não coincida com os intervalos dos alunos, durante a semana — como é uma espécie de self-service, pode ter dificuldade em conseguir montar o seu açaí tranquilamente.
Nas bancadas, estão dispostos, além do fruto, vários toppings, como leite condensado, leite Ninho, Nutella ou doce de leite. Depois, há, claro, paçoca, coco ralado, granola, leite em pó, amendoins e flocos de mel, sem esquecer a fruta, mas também as gomas, algo que não é tão habitual. O espaço tem 30 metros quadrados e quatro lugares sentados, além de um banco ao pé da janela. O que normalmente acontece é “irem comer para a maior esplanada da cidade”, ou seja, o Jardim do Bonfim.
Para os clientes habituais, há um cartão fidelidade, onde recebem um açaí à borla no fim de dez carimbos. Além disso, durante o mês do aniversário, todos os dias, têm dez por cento de desconto e, no dia de anos, a promoção é de 50 por cento.
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