Este restaurante é uma história de amor. Não entre duas pessoas, mas uma de amor pela profissão e pelo cliente. O restaurante Charroco chegou a Setúbal no início de 2023 e está no espaço da antiga marisqueira Sab’amar.
O negócio resulta de uma parceria entre Cláudio Silva, 52 anos, Gilberto Silva, 53 anos, ambos da Madeira, e de André Palma, 29 anos, do Seixal. A gerente, Carla Pereira, de 49 anos, também da Madeira, voou até terras sadinas e recebeu-nos para — e fica o aviso — uma explosão de sabores.
Ponto prévio: dali avista-se o Sado e Troia. Além da vista, há um extremo cuidado em receber todos os clientes, sempre com simpatia e cuidado. André, que é também o chef da casa, tem raízes familiares em Setúbal e assume “uma fixação pela região” desde pequeno.
Os três sócios acabariam por fazer também o convite a Carla, amiga de longos anos e que já tinha estado noutro projeto que contou com André Palma como mentor. Era a Loja das Conservas — confecionadas e servidas no prato — no Funchal, mas que não sobreviveu à pandemia. A gerente do Charroco esteve depois a trabalhar na hotelaria e na área da decoração, mas aceitou este novo desafio e voou para Setúbal para ajudar a gerir o espaço.
Não se consideram uma marisqueira porque, apesar de servirem marisco, há muitos outros pratos para provar na ementa. “Acabamos por dar alguma diferenciação e, verdade seja dita, não é o choco que mais apraz vender, mas sim outros tipos de peixe, como a caldeirada de charroco”, frisa André Palma à NiS. Os pratos são tipicamente setubalenses, mas há apontamentos madeirenses, como o bolo do caco e as lapas, além do peixe-espada, novidade no menu e muito característico da Madeira.
Quem ali se senta pode contar provar pelo menos um prato: a todos os clientes é servido um creme de marisco, cortesia da casa. Depois começa o desfile, do couvert com camarão, azeitonas marinadas (1,20€) e a salada do chef (4,90€). Segue-se o bolo do caco com manteiga de alho (2,90€), que dá vontade de repetir e repetir. As lapas (12,50€) na chapa e com manteiga de alho desaparecem num ápice e abrem alas ao choco frito de escabeche (10€), preparado para a Semana do Choco.
O berbigão ao natural (10€) e a sandes de bolo do caco com filete de peixe-espada estavam no ponto. Para acompanhar, um Esporão Reserva branco (26€).
Além dos locais, Carla revela que cada vez mais os clientes vêm de fora do concelho. No fim de semana, a afluência excede os 80 lugares do restaurante. É habitual encher a sala por duas vezes ao sábado e domingo. “Já ouvimos setubalenses a dizer que nunca foram tão bem recebidos. Dá-nos um prazer enorme. Gosto de ver as pessoas chegarem com um sorriso, mas vê-las sair felizes é um orgulho. Temos ouvido excelentes referências sobre nós”, explica Carla, já visivelmente emocionada.
No final da experiência, conte com mais cortesia da casa: um copo do tradicional moscatel, servido num copo de barro feito pelo moleiro de Setúbal. Na mesa do lado, multiplicavam-se os elogios de um casal que passara pela terra para celebrar o 60.º aniversário da esposa. Foram embora, mas deixaram a promessa: “Havemos de voltar”. Nós também.
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