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Nova decoração e ementa: fomos provar as especialidades do Barriga de Freira

O spot abriu em 2021 e fica nos antigos refeitórios do Convento de Jesus. Agora, tem uma imagem renovada e pratos diferentes.
O espaço está renovado.

António Assemblea cresceu numa família bastante ligada ao peixe. O pai tinha uma banca no Mercado do Livramento e um armazém na lota. Por isso, desde cedo estabeleceu uma relação com este ramo, ainda que tenha trocado o peixe pela carne em 2002.

Nesse ano, abriu o Carnes do Convento, um dos spots mais famosos de Setúbal dedicado à confeção de carne maturada. Em 2021, surgiu a oportunidade de ficar com o espaço dos antigos refeitórios do Convento de Jesus e nasceu assim o Barriga de Freira. Em agosto deste ano, decidiu alterar a ementa e renovar a decoração, com assinatura do designer de interiores João Maria (JM Beyond Interiores).

O proprietário setubalense, 47 anos, passou a infância a jogar futebol como todos os miúdos da altura. Andou na escola preparatória do Bocage, onde concluiu o 9.º ano. Foi com o pai que ganhou o bichinho de trabalhar na área da gastronomia e da restauração. O primeiro espaço que abriu foi o bar Oceano’s, na Avenida Luísa Todi.

Antes disso, teve uma experiência como barman no hotel Marisol. Nessa altura, tirou a formação de barman de segunda, depois de primeira, e ainda Gestão de Bar na Associação de Barmans de Portugal, onde ainda chegou a pertencer à direção. Em 2002, surgiu a oportunidade de ficar com o sítio onde estava um restaurante escocês que, entretanto, fechou, e nasceu assim o Carnes do Convento, para preencher uma lacuna que considera que existia na cidade no que toca a negócios à base de carnes.

Ainda manteve os dois negócios durante um ano, mas acabou por vender o bar. Em 2021, criou o Barriga de Freira, que começou por ser uma cafetaria, mas que rapidamente se tornou num restaurante. Ao seu lado está a mulher, Mónica Froes, 46 anos, advogada e a exercer a profissão, que trata da parte da administração dos negócios.

As novidades surgiram, em grande parte, a pedido dos visitantes. “Quisemos fazer uma nova decoração porque os clientes do Carnes do Convento são os mesmos que vão ao Barriga de Freira e achavam que as cores eram demasiado frias. Queriam algo mais acolhedor e quisemos fazer um restyling. Como não podemos colocar cor nas paredes, apostámos nos assentos, nos centros de mesa, e por aí”, confessa António à NiS.  

No futuro, o responsável pretende continuar com o projeto de cafetaria assim que as obras do Convento de Jesus ficarem concluídas e, nessa altura, passarem a trabalhar durante todo o dia. Atualmente funciona apenas como restaurante e serve almoços e jantares. O nome foi escolhido em homenagem ao doce conventual português, e, estando naquele local, um antigo convento de freiras, fazia todo o sentido.

A experiência da NiS

A nossa equipa passou no local para provar alguns dos novos pratos. A vertente dos peixes crus foi criada pelo chef setubalense Luís Barradas e por António, que idealizou a secção da carne sozinho. Trabalham com carne maturada em Espanha e a aposta é sempre em “produtos e fornecedores de qualidade”, acrescenta António.

Começámos por provar o rissol de berbigão com tinta de choco (1,90€), que entregou o que prometeu: sabor a marisco e a mar, com crocância de um salgado de pastelaria. Seguiu-se a chamuça de paprika e camarão (1,90€), e, neste caso, não estava visível o típico sabor do petisco tradicional com caril, ainda que não deixasse de estar saborosa.

No ceviche (12€), não existiram dúvidas quanto à frescura e qualidade do peixe. O prato estava apetecível, no geral, apenas com alguma acidez a mais. Foi servido o carpaccio de angus (10€) e estava divinal. Uma combinação excelente entre carne, temperos, parmesão e alcaparras. Os tacos de corvina (14€) foram uma das estrelas da prova e dos melhores que já provámos, desde o milho à base crocante. Todo o recheio estava delicioso.

Como não podia deixar de ser, e indo ao encontro do conceito base e da aposta mais forte, provámos duas carnes diferentes, e podemos dizer que foram o oposto uma da outra. Primeiro, veio a fraldinha (24€), que deve ser servida, idealmente, mal passada. O ponto de confeção e de maturação estava perfeito, a carne é fácil de mastigar, muito suculenta, saborosa e foi dos pratos que nos fizeram querer voltar.

Provámos também a costela de vaca (19€), uma das novidades mais solicitadas. Contudo, não ficámos muito surpreendidos, com a ressalva de que a parte que nos foi servida estava magra e sem muita gordura — que é o que dá o sabor e a suculência à carne. O osso saiu sem qualquer resistência, o que prova o modo slowcooking de 24 horas. A carne nem foi cortada, já que se desfazia ao toque por estar tão tenra.

O ponto negativo foi mesmo a secura do prato. Podemos dizer que acabámos em grande com as sobremesas: provámos o melhor brownie de sempre (4,30€), acompanhado com gelado delicioso da Gulato, e ainda o famoso Barriga de Freira, que também não desiludiu, destacando-se o sabor típico dos doces conventuais (2,20€). 

Para beber no Barriga de Freira, foram servidos os aperol spritz (7,50€) e o moscow mule (7,50€), ambas muito frescas, intensas. A segunda é uma bebida preparada para fãs de gengibre, já que sabe muito à especiaria. Além disso, com os pratos, bebemos um copo de vinho branco Bacalhôa Catarina (11€ a garrafa) e Bacalhôa Merlot (15€ a garrafa), que é um dos parceiros dos negócios, assim como a Casa Ermelinda de Freitas e os gins Hendrix.  

Para quem não sabe, o Convento de Jesus nasceu de um amor proibido entre Justa Rodrigues Pereira, ama de leite do rei D. Manuel II, e o frade carmelita, D. João Manuel, de quem teve dois filhos. Arrependida por ter quebrado o voto, a freira decidiu edificar um convento neste local, para as freiras franciscanas da Ordem de Santa Clara.

Em 1489, foi emitida uma bula papal que permitiu a construção do convento inaugurado dois anos depois. A fundadora teve o apoio do rei D. João II, que, em conjunto com o mestre Diogo Boitaca, decidiu o comprimento da Igreja, entre outros detalhes da construção.

Depois de vários anos ao abandono, o monumento nacional reabriu em outubro de 2020. A Sala do Coro Alto, Sala do Capítulo, Sala da Roda, sala de exposição, os claustros e a Igreja do Convento de Jesus são os espaços que podem ser visitados pelo público.

Carregue na galeria para conhecer algumas das novidades do Barriga de Freira.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Largo de Jesus/Convento de Jesus
    2900-261 Setúbal
  • HORÁRIO
  • Terça e quarta-feira, das 12h30 às 15h e das 19h30 às 22h
  • Quinta-feira, 12h30 às 22h
  • Sexta-feira, 12h30 às 15h30 e das 19h30 às 22h
  • Sábado, das 12h30 às 15h e das 19h30 às 22h
PREÇO MÉDIO
Entre 10€ e 20€
TIPO DE COMIDA
regional, internacional

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