Mais do que ser o novo restaurante das Docas, o Sangue na Guelra é um verdadeiro caso de inspiração. O espaço nasceu depois de um incêndio ter destruído o Choco Real, o único restaurante do Centro Comercial Alegro Setúbal especializado no molusco mais famoso da cidade, o choco frito.
“Ardeu tudo, perdemos a maioria das coisas, foi uma confusão com as seguradoras e então começámos a pensar numa forma de dar a volta à situação”, conta à New in Setúbal, Tiago Henriques, dono do antigo Choco Real. “Depois da má experiência no centro comercial, era tempo de partir para um novo projeto e assim aconteceu. Como a nossa família tem uma pedra na praça, onde vende peixes há vários anos, decidimos vir para a rua”, explica à New in Setúbal.
“E vir para a rua” significou abrir o restaurante Sangue na Guelra, mesmo em plena frente ribeirinha, nas docas, com o Rio Sado a espreitar. Inaugurado há um mês, o espaço está voltado para a cozinha mediterrânea, preservando a ligação ao mar e aos sabores tradicionais.
À primeira vista, o nome Sangue na Guelra tem a ver com o peixe, mas neste caso, não é só isso. Devido ao fecho do Choco Real, o nome tem dois sentidos. Em primeiro lugar, inevitavelmente relaciona-se com a frescura do peixe. Mas acima de tudo é uma homenagem à irreverência, juventude e força de vontade da equipa do Choco Real, que nunca se resignou perante a circunstância difícil do incêndio.
As grandes especialidades da ementa são o arroz de tamboril (30€), a caldeirada (35€) e o choco frito (15€). A decoração do espaço foi inspirada em coisas de Setúbal ligadas à pesca e tem alguns pormenores interessantes como as cordas nos candeeiros e as artes de pesca. Os peixes pendurados na parede são feitos à mão pelo artesão Nuno Paulino, que aproveita o lixo marinho e transforma-o em artesanato alusivo ao mar.
Apesar de o projeto estar numa fase embrionária, até agora tem tido grande adesão do público sobretudo nacional. “Para já, não estamos muito ligados ao turismo, porque o turismo é muito sazonal e nós precisamos de clientes todo o ano. A maioria deles vem de Lisboa para comer peixe assado, sobretudo aos fins de semana”. Ainda assim, o restaurante tem sido procurado por franceses, espanhóis e ingleses, que pesquisam informações através do Facebook ou Tripadvisor.