Não estamos a falar de nada clandestino e, muito menos, de economia paralela. Porém, uma coisa é certa: no novo Mercado Negro LRV de Setúbal só vai provar criações inspiradas na gastronomia de vários países. O spot abriu no Largo da Ribeira Velha no dia 2 de agosto, sexta-feira. Os proprietários, Pedro Gaivéu, 49 anos e Andreea Anghel, 27, querem implementar o conceito de sabores do mundo e promover a originalidade nos pratos do menu.
Pedro é também proprietário da famosa Taberna do Largo, que fica mesmo ao lado do Mercado Negro. O setubalense já foi bancário, trabalhou como comercial e esteve 18 anos no bar Absurdo. Entrou primeiro só a trabalhar aos fins de semana e, em 2001, assumiu o cargo de gerente. Em 2014, quando o bar reabriu no espaço onde está atualmente, decidiu seguir outro rumo e abriu, então, a Taberna no Largo, que tem sido um sucesso.
Andreea nasceu em Galati, na Roménia. Com apenas seis anos, mudou-se para o Cadaval com a família. Aos 14 anos, veio para Setúbal e, no mesmo ano em que entrou na faculdade, decidiu encontrar um part-time. Começou inicialmente num “apêndice” da Taberna do Largo, onde se manteve até setembro. Ingressou no curso de Relações Internacionais, no ISCSP, em Lisboa. Foi numa conversa que surgiu a ideia de continuar a colaborar com o estabelecimento.
Passaram três anos, finalizou o curso, mas nunca exerceu porque ganhou amor pela restauração. Ficou com o cargo de gerente do Taberna do Largo e agora recebeu o desafio de Pedro de começar o novo projeto do Mercado Negro LRV. “É preciso ganhar visão. Foi o que me fez ficar na área. A relação com o cliente é muito importante. A satisfação, a hospitalidade, além da comida boa. E a comida pode ser ótima, mas se o atendimento for mau, as pessoas não voltam”, revela Andreea à NiS.
A verdade é que a Covid-19 também alterou alguns planos, e, ao longo do tempo, Pedro acompanhou a evolução do local e o desenvolvimento da Baixa. O Largo da Ribeira Velha tem ganho cada vez mais vida, animação e turismo. Agora, tem um novo spot inspirado nas viagens que os dois sócios fazem pelo mundo.
“Temos feito algumas viagens, a nível particular, que nos abriram os horizontes e nos deram mais experiência. Foi tudo feito devagar. Demorou algum tempo e não houve pressa. Os nossos sabores do mundo são inspirados em comida da América do Sul e Ásia, mas daqui a um mês podemos alterar. A ideia é essa: ir alterando, além de manter os bestsellers. É uma área que exige ritmo e energia para pensar e inovar. Não queremos estar parados”, acrescenta Pedro.
Para Andreea, conseguir coordenar a equipa e satisfazer o cliente são pilares para o sucesso, até porque, durante um ano, esteve na cozinha do Taberna do Largo, o que acabou por lhe dar diferentes perspetivas e valências para abraçar o novo projeto. O menu foi feito, então, com inspirações, mas adaptado ao gosto e com ideias próprias da equipa, que fazem diferença.
“As oportunidades surgem de uma lacuna. A ideia era trazer coisas novas para Setúbal e fazer com que as pessoas não precisassem de sair da cidade para encontrar este tipo de pratos. Aos poucos, vamos também introduzindo o conceito aos setubalenses e queremos saber a opinião dos locais”, explica Andreea.
A experiência da New in Setúbal
A nossa equipa foi convidada a visitar o novo spot e a experimentar alguns dos pratos do menu. A decoração exterior também foi cuidadosamente pensada, com apontamentos que vão desde a cor da fachada a combinar com os guarda-sóis, mesas e cadeiras, às pequenas luzes que enchem o local e lhe dão um ambiente confortável. O mesmo podemos dizer do interior, que foi totalmente remodelado.
Começámos por beber um Lemonade Calypso (4€), muito fresco, com sabor um pouco artificial, e ainda um cocktail de pina colada (6,5€) e um expresso Martini (6,5€), que estavam deliciosos. Para a mesa começou por vir uma das estrelas da ementa, as bolinhas de beterraba e queijo de cabra (5,40€) — depois de prová-las, não vai querer voltar à típica receita com alheira. O queijo e o mel complementam na perfeição.
Seguiu-se o ceviche de camarão e manga com micro coentro caviar de lima e pickles de cebola roxa (12,5€) e este foi o prato que menos nos impressionou. Apesar dos ingredientes combinarem, estranhámos a textura do ceviche. Por outro lado, um dos pratos que nos surpreendeu foi o taco de tortilha azul, polvo e sapateira, pasta de abacate, micro coentros, ervas de rábano, malagueta tricolor e flocos de malagueta picante (5€), com ingredientes frescos e uma boa aposta na mistura de cada um, com textura crocante e acidez no ponto.
A taça negra com algas wakame e atum (13€) é outra das apostas do Mercado Negro LRV. Vai ficar curioso com este prato, como nós ficámos, mas é dos casos em que primeiro estranha, mas depois percebe o porquê de poder tornar-se muito famoso — o destaque vai para o atum, que estava delicioso. O aguachile de vazia, rabanete, pickles de cebola roxa, micro coentros e molho de aguachile preto (9€) é daqueles exemplos em que o mais simples pode resultar tão bem. Ficámos deliciados com a maciez da carne e com o sabor dos temperos.
Prepare-se ainda para comer o melhor hambúrguer negro de pulled beef, couve roxa, folhas verdes, cenoura e cebola em maionese (12€) — nunca provámos um pulled beef tão tenro, bem cozinhado e fácil de degustar como neste spot. Para finalizar, comemos uma mousse de manga e gengibre (4€), que também não desiludiu e provou a qualidade de todos os pratos do novo projeto, com capacidade para 38 lugares sentados.
Carregue na galeria para conhecer o espaço e alguns dos pratos que pode provar.