Há um novo bar que mistura música, petiscos do norte e decoração feita por clientes

O Kubico, que abriu portas a 16 de setembro em Setúbal, é o reflexo de uma mudança de vida. Paulo Maximino, 35 anos, natural da Guarda e residente em Palmela há sete anos, decidiu sair da sua “bolha”, dar um passo de fé e abrir o seu primeiro negócio: um bar de bairro onde cabe o melhor da sua história, da sua paixão pela música e da sua cultura transmontana. “Estava a chegar ao meu limite, sempre a trabalhar para os outros e preso no sistema do salário mínimo. Era agora ou nunca”, explica Paulo à NiS.

Com uma formação e vida profissional sempre ligada à música e ao hip hop, já há muito que andava a sonhar com um espaço seu, onde pudesse continuar a criar sem depender totalmente de um patrão. O Kubico não é só uma empresa, é o prolongamento de um projeto de vida, que ganhou novo fôlego em Setúbal. “Vim para cá há sete anos, encontrei uma nova vida, uma esposa, e este bar é a continuação dessa mudança”, explica.

O espaço, anteriormente uma hamburgueria, surgiu numa oportunidade de trespasse e foi logo agarrado por Paulo. “Setúbal é mais conveniente, a localização faz sentido, as pessoas fazem sentido. Tinha que ser aqui”.

Petiscos do norte com sotaque setubalense

Apesar de não querer ser mais um restaurante numa rua repleta de outras opções, Paulo sabia que a comida teria de fazer parte da alma do Kubico. Por isso, trouxe para a cidade pratos simples, genuínos e cheios de sabor, com inspiração direta da sua terra natal. As bifanas são à moda do Porto, “com bastante molho” (4€), há entremeada (3,30€), courato (3,60€), pica pau (5,70€), alheira de Mirandela (6,50€) e até sandes de presunto com queijo. A grande novidade? A partir desta terça-feira, dia 14 de outubro, há caldo verde, servido todos os dias e com a possibilidade de combinar em menu (sopa, bifana e sumo, por apenas 7€).

O bar funciona todos os dias, das 11 horas às duas da manhã, sem interrupções. O objetivo é ser um espaço de convívio, e não um competidor direto dos restaurantes vizinhos. “Quero criar uma alternativa. Um sítio onde dá para petiscar, beber, ouvir música e ficar”, resume. Há ainda sandes de atum com ovo cozido, ovo mexido com tomate, e outras sugestões leves e económicas.

Cervejas, caipirinhas e muito mais: a carta em constante evolução

No que toca a bebidas, o Kubico ainda está a afinar o conceito, mas já conta com uma carta bastante completa. “Quero crescer e trazer cervejas artesanais e invulgares, mas para já tenho a base portuguesa comercial: Sagres, Super Bock, Heineken, cervejas em garrafa e, em breve, imperial de Sagres”, explica. O bar também vende sumos variados, café e bebidas espirituosas como whiskey, gin, Bacardi, Arestoff Black, Beirão e Amêndoa Amarga.

Mas há também espaço para os clássicos de um bar: sangrias, caipirinhas e mojitos preparados na hora, com aquele toque caseiro de bar de bairro. “O ambiente que queria criar sempre foi este, informal, verdadeiro, acolhedor”, diz.

Um bar que é casa, com decoração feita pelos clientes

Um dos aspetos mais diferenciadores do Kubico é a sua decoração comunitária. Paulo começou por transformar o antigo espaço à sua maneira, inspirado no seu estúdio de música: espumas acústicas, guitarras nas paredes, quadros com referências musicais. Mas o bairro acabou por se envolver. “O mais bonito disto tudo é que os clientes começaram a oferecer objetos de decoração. Quadros, peças antigas, coisas que tinham lá por casa e acharam que faziam sentido aqui”, conta.

É essa partilha que torna o espaço moderno, mas de bairro, numa casa que é de todos. “O bar tem a minha cara, mas também tem a cara de quem o frequenta. Isso dá-lhe uma alma diferente. Valorizo muito esse gesto das pessoas do bairro”. O processo de decoração ainda está longe de terminar: todos os dias aparece algo novo, seja um cartaz, uma moldura ou até uma planta. No Kubico, a decoração está viva, cresce com o tempo e com as pessoas.

Um pequeno grande projeto que veio para ficar

Paulo não tem dúvidas de que o espaço é mais do que um bar. É um projeto de independência, de paixão pela música e pela hospitalidade, mas também uma prova de que é possível fazer diferente e bem feito. “Não é fácil conciliar um negócio e a música, mas aqui posso fazer as duas coisas. E é por isso que estou feliz. Quem vem ao Kubico, volta ao Kubico”.

O nome parece inusitado, mas Paulo recorda que foi a primeira coisa em que pensou quando viu o espaço. “Era uma área pequena e foi logo o que me veio à cabeça quando entrei: isto é um kubico e quero transformá-lo no meu kubico”. Com preços acessíveis, um ambiente acolhedor, petiscos com sabor ao norte e uma programação que ainda promete crescer, o bar vai-se afirmando como um novo ponto de encontro no bairro.

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