Quando Rodrigo Baena abriu o primeiro café Favela em Portland, nos Estados Unidos, nunca imaginou que dois dos seus clientes iriam escolher aquele sítio para casar.
“Eles já namoravam, mas foi ali que desenvolveram uma conexão ainda maior. Eu era oficial de cerimónias e eles perguntaram se podiam fazer o casamento. Aceitei na hora. Foi um momento simples, com família e amigos, mas prova o meu propósito”, confessa o brasileiro de 43 anos à NiS.
A verdade é que, desde que abriu em 2019, o Favela nunca foi só um espaço comercial. O grande objetivo é ser uma experiência social. Agora, o conceito chegou a Setúbal no dia 1 de novembro, e promete “envolver toda a comunidade, num local onde se promove o diálogo e as relações pessoais”.
Rodrigo formou-se em Fotojornalismo, na Universidade de São Marcos, em São Paulo, de onde é natural. Aos 23 anos, “cansado” da vida que tinha a trabalhar na área, resolveu viajar para a Inglaterra. Era suposto ter ficado seis meses por lá, mas acabou por morar naquele país durante oito anos.
“Foi uma coisa natural da vida. Continuei a trabalhar na área e comecei a fazer também a minha pesquisa pela felicidade, onde basicamente tentamos perceber mundialmente o que faz, ou não, uma pessoa feliz”.
Entretanto, conheceu a mulher Dunia, norte-americana, e voltou a mudar de país. O casal foi viver para Portland em 2011.
“Eu não sou muito conectado com a cultura americana, de consumo e capitalismo, mas naquela zona, as pessoas têm uma comunidade diferente, ao ponto de eu ficar por lá durante 12 anos, quando era suposto ficar só um”, acrescenta Rodrigo.
O brasileiro abriu então o Portland Happiness Center. Pelo meio, dedicou-se ao estudo da felicidade, escreveu livros, deu palestras para empresas famosas e realizou eventos e workshops. Diz que é um género de life coach, só que “especializado em felicidade e bem-estar”.
“Para mim, a felicidade é mesmo sinónimo de conexão. Ouvi uma frase que diz que ‘precisamos de gente para ser gente’”, explica Rodrigo.
O brasileiro sente que todos os locais onde viveu tinham diferentes modos de relacionamento, desde o calor do Brasil, onde são “hiper conectados”, ao distanciamento dos americanos. Foi assim, numa onda de curiosidade, e tendo em conta as várias experiências internacionais, que surgiu a possibilidade de migrar o conceito para Portugal e, mais propriamente, para Setúbal.
“Uma amiga minha tinha um apartamento na cidade e, embora tenhamos percorrido vários espaços pelo País para ver se existia outra localidade que nos interessasse para começar uma vida, a verdade é que voltávamos sempre a Setúbal. Aqui, temos mais movimentação de pessoas, e menos confusão do que em Lisboa, por exemplo. Além estarmos rodeados de mar e natureza”.
O conceito do café Favela surge como “uma forma de colocar a teoria em prática, e de criar uma comunidade”, até porque “a comida é uma desculpa”. “Inicialmente, nem queríamos abrir um café. Queríamos alargar o sentido de pertença, abraçar e falar. Queremos que este projeto seja replicável por outras pessoas. Não servimos comida, damos uma experiência”.
É este o conceito que vai encontrar no novo Favela: uma espécie de “hub”, onde as mesas de refeição foram substituídas por matraquilhos e o teto em zinco transporta para as típicas favelas, nos bairros sociais do Brasil. Ali, “vive-se o verdadeiro espírito de comunidade”, as cores vivas — tanto nas paredes, como na mesa — querem trazer alegria a todos os que entram no spot da Baixa setubalense.
Existe ainda uma vasta programação cultural, com noites de karaoke e de cinema, de stand-up comedy e saraus, com “barulho e movimentação” — dois elementos que Rodrigo faz questão que estejam presentes.
Vai haver também várias opções no menu, como pão de queijo (5€, 5 unidades), empada de palmito (4€, 3 unidades) ou sandes de pão na chapa com requeijão (3,5€). E ainda as sobremesas: mousse de maracujá (3,75€) e bolinhas de brigadeiro (3,25€).
O Favela tem 23 lugares sentados, espalhados por um total de 40 metros quadrados.
Outro dos serviços que Rodrigo tem disponível é o de tours personalizados por vários locais do País, mas também no estrangeiro. Para saber mais informações deve entrar em contacto através do site oficial.
Carregue na galeria para conhecer melhor o novo café da Baixa de Setúbal.