A história do Al’kawa podia ser sobre um casal de japoneses, que veio para Portugal para mostrar a relíquia que é o sushi e mudar completamente de vida. Mas não é assim que começa. Os protagonistas são um gestor e uma professora de matemática, que criaram o conceito de um dos spots mais famosos da Margem Sul.
O primeiro espaço que o casal Carlos Lopes, 32 anos, natural do Montijo, e Carla Lopes, 43, de Lisboa, nasceu em Alcochete, em 2015. Progressivamente, tornou-se um sucesso e, em março deste ano, decidiram abrir mais um restaurante em Setúbal. Depois de vários meses a finalizar pormenores, no dia 2 de julho, o espaço ficou completo e pronto a receber os clientes, no local onde esteve a funcionar durante oito anos o antigo bar e restaurante Taifa.
Carlos formou-se em Gestão, no ISEG, em 2014. Fez Erasmus em 2013, na Índia, e em 2014, no Brasil, e foi neste último destino que aprendeu a fazer sushi e ganhou o gosto por praticar em casa. Em 2015, ainda trabalhou no Clube Náutico de Alcochete, que pertencia aos pais na altura, e ainda nesse ano decidiu criar o Al’kawa, juntamente com a mulher.
Carla tirou o curso de Matemática, em 2007, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Tirou depois dois mestrados, um em Matemática e outro em Educação, e teve dois centros de explicação na capital, até que decidiu começar a trabalhar a partir de casa, com explicações no escritório, no ano da Covid-19, em 2020. Antes disso, e quando abriram o restaurante, vinha do trabalho e juntava-se a Carlos durante a noite, para servir os jantares.
Entretanto, abriram mais um espaço em Benavente, em 2018, com 46 lugares, e mudaram a localização em Alcochete para a atual, que passou de 36 para 130 lugares. Em 2023, foi inaugurada a loja take-away do Montijo e, finalmente, chegaram à cidade sadina, num spot com 100 lugares e cerca de 200 metros quadrados, uma sala, um deck com esplanada aberta e ainda uma esplanada coberta e envidraçada.
A decisão de abrir o local em Setúbal não foi difícil. “É um ótimo espaço, está numa boa localização e esta é uma localidade com imenso turismo. Gostamos de manter o nosso trabalho, a qualidade, frescura, profissionalismo e rapidez no serviço. Não alteramos os produtos para alternativas mais baratas, seja onde for. Aqui é igual”, diz Carlos à NiS.
A nossa experiência no Al’Kawa
A identidade e a essência do negócio mantiveram-se no que respeita à decoração, com ajuda da arquiteta setubalense Amélia Jordão, que tinha colaborado na idealização do espaço de Benavente e que, por acaso, era cliente. Estamos a falar de um espaço moderno, com bom ambiente e apontamentos em madeira clara. Destaca-se ainda a prevalência das cores cinzento, preto e branco.
“Se eu gosto de ser bem servido, também quero que os meus clientes o sejam. Tentamos adaptar as escolhas ao que as pessoas gostam e queremos sempre ir ao encontro dessas necessidades, para saírem satisfeitos e também evitar o desperdício”, acrescenta Carlos. A NiS esteve no local para provar o all you can eat (25,9€) — entrada, sopa miso, temaki e combinados do chef—, exclusivamente servido ao jantar, e não saímos desiludimos.
O pedido foi servido de forma personalizada e com alguns extras. Como entrada, provámos os crepes (3€), as gyozas de legumes e frango (6€) e o ebi furai (6,5€). A qualidade foi visível desde a apresentação ao sabor, mas o ebi furai — que, para quem desconhece, é camarão panado e frito —, foi dos melhores que comemos. Estava muito estaladiço por fora e tenro por dentro, além do tamanho considerável.
Nesta experiência, não podiam faltar os temakis. As escolhas foram o de salmão (6€) e também o especial (7€). O crocante da alga, o tempero do arroz e a qualidade do peixe foi o suficiente para também este prato ganhar um lugar no topo do que já provámos, com destaque para o temaki especial. Ambos vinham generosamente recheados. Passámos então para os combinados do chef, que chegou num empratamento cuidado e recheado, com as habituais peças de sushi, hot rolls e sashimi.
Não era preciso mais do que olhar para o peixe e ver a cor viva para perceber que tinha qualidade. O sabor é inigualável. É daqueles que vai ficar cheio e, mesmo assim, querer comer até não conseguir mais. As peças foram variadas e todas com sabores que combinaram na perfeição. Para beber, escolhemos uma sangria de melão (16€), que estava fresca e deliciosa.
Carregue na galeria para conhecer o espaço e alguns dos pratos que pode provar.